OPINIÃO

O desafio continua

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Você provavelmente deve compartilhar da mesma impressão que a minha: o ano daqui em diante parece voar. O mesmo clima se repete ano a ano, mas este, em especial, ganha um ar ainda mais desafiador com o cronograma agitado do último semestre, que inclui eleições e copa do mundo, uma atrás da outra. No meio disso tudo, uma Selic nas alturas, aumentando as expectativas por uma desaceleração, a fim de aliviar o desconforto causado pelas salgadas taxas de juros. 

Desconforto, aliás, para somente uma parte de quem consome o mercado imobiliário, pois, do outro lado da moeda temos investidores muito interessados em aproveitar a oportunidade para fazer render seus patrimônios. Quem tem dinheiro em mãos para comprar um imóvel à vista pode preferir, por exemplo, tomar crédito imobiliário a 11% de custo efetivo ao ano enquanto investe em renda fixa com rendimento anual de 13% a 14%. Decisões como essa dependem, é claro, do prazo escolhido, mas movimenta um público bastante interessado no mercado imobiliário e que sabe o valor da solidez de um imóvel. 

Se os últimos dois anos foram marcados pela facilidade em adquirir imóveis para moradia, hoje o cenário está bastante diferente, ditando um ritmo mais comedido na condução de novos negócios. Com o déficit habitacional que o Brasil possui, é impossível que cesse a busca por moradia própria, porém, a jornada de quem não possui dinheiro à vista, em um contexto de juros elevados, naturalmente torna-se mais longa e demorada, permeada por um receio muito grande de comprometimento com dívidas a longo prazo. Já o investidor, por mais que tenha condições financeiras para adquirir um imóvel, também é bastante exigente e demanda do corretor um conhecimento mais aprofundado sobre o contexto econômico em que o país se encontra. Em resumo, temos vivido um ano bastante desafiador em termos de volume, mas muito potente no que mais interessa que são os resultados. Os próximos meses não devem ser diferentes, pelos mesmos motivos já citados e também pela proximidade das eleições que historicamente são responsáveis por mexer com os investimentos no mercado imobiliário.

Ainda estamos acompanhando esfriar alguns indicadores importantes para o segmento. O INCC, por exemplo, obteve variação de 0,33% em agosto, percentual inferior ao apurado no mês anterior, quando o índice registrou taxa de 1,16%. No acumulado de 12 meses, atingiu um total de 11,40%, ainda alto para a série histórica, mas bem mais otimista se comparado ao ano anterior, quando acumulava alta de 17,05%. Para quem comprou um imóvel na planta, sem dúvidas este é um grande motivo para comemorar, e para quem ainda tem essa pretensão, é um bom sinal de que as coisas podem estar voltando ao seu lugar. 

O IGP-M é outro indicador que tem trazido otimismo, neste caso para o bolso de quem ainda mora de aluguel. O Índice Geral de Preços do Mercado registrou sua primeira taxa negativa desde setembro do ano passado, caindo 0,70% em agosto, após alta de 0,21% em julho. Uma alta de 8,59% no acumulado de 12 meses, ante os preocupantes 31,12% do ano anterior. Isso significa que os aluguéis reajustados nesse período estarão mais condizentes com a própria inflação, acumulada atualmente em 8,73%, contribuindo (e muito!) para uma relação tranquila entre inquilinos e proprietários.  

No meio disso tudo, uma certeza prevalece: o mercado imobiliário deve prosperar em 2022! Quem diz isso é a projeção de crescimento entre 4,5% a 5%, divulgada nos últimos dias pela FGV Ibre. O percentual não chega a se equiparar aos anos em que o segmento desfrutava de seu auge, mas já supera as expectativas anteriores para este ano, que era de 3,5%. 

Chegamos até aqui comprometidos em concretizar ótimos resultados e é com esse espírito que precisamos encarar os últimos meses para, no fim, podermos brindar mais um ano de muitas realizações.

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