OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Não bastassem os últimos movimentos no tabuleiro geopolítico da guerra russa contra a Ucrânia, entre eles, a escalada da narrativa nuclear por parte de Putin e os “referendos” falsos no leste europeu, mais um ingrediente se soma à conjuntura. Há poucos dias a surpresa veio do Mar Báltico, perto da Dinamarca e da Suécia. Trata-se dos vazamentos (ou sabotagens) nos gasodutos Nord Stream, que levam o gás russo até a Europa, mais precisamente na Alemanha. O Nord Stream 1 estava operando mesmo durante a guerra, com interrupção deliberada nas últimas semanas por Putin. O Nord Stream 2 foi desativado logo no início da guerra, pois, ainda dependia da regulação alemã. Os gasodutos são operados pela estatal russa Gazprom e fazem parte do palco geopolítico da guerra, desde a interrupção no fornecimento do gás russo em resposta às sanções econômicas ocidentais. Relatórios deram a entender que muito provavelmente tenham ocorrido explosões nos gasodutos, abrindo janela para a possibilidade de sabotagem. A primeira identificação veio pela parte das autoridades dinamarquesas, no Nord Stream 2. Em que pese estar desativado, ele precisou ser preenchido devido a pressão necessária para futuras operações. Há um receio significativo por parte das autoridades dinamarquesas com os riscos envolvidos, marítimos e até no espaço aéreo, uma vez que o gasoduto tem cerca de 180 milhões de metros cúbicos de gás. Também foram identificados vazamentos no Nord Stream 1. Recentemente, a Rússia alegou “problemas técnicos” nele para justificar a interrupção no fornecimento de gás, usando o recurso como uma arma de guerra.

 

Sabotagem? 

Os vazamentos estão sendo investigados pelas autoridades europeias, enquanto as especulações sobre uma sabotagem emergem. Não fosse sabotagem, seria uma coincidência enorme (e pouco improvável), os vazamentos nos gasodutos que possuem um papel relevante na conjuntura da guerra. A grande questão é quem realmente teria a ganhar com os vazamentos. A sabotagem sempre foi um recurso bem empregado pelos soviéticos. De um lado se especula que a própria Rússia poderia ter feito uma manobra para aumentar ainda mais o custo energético às potências ocidentais. Mas não seria uma decisão tão sábia, já que dependeria da integridade de seus gasodutos. Outras teorias especulam interesses de potências ocidentais, como os EUA, que é um dos principais fornecedores de gás natural no mundo. Na medida em que a Alemanha e os demais países europeus buscam novas alternativas ao gás russo, os gasodutos perderiam a sua utilidade com o tempo. A campanha pelos gasodutos é um legado de Merkel, em uma aproximação perigosa com a Rússia, de quem passou a depender quase exclusivamente. Na época dos investimentos, uma série de críticas surgiram dando conta de que a estratégia poderia ser em equívoco no futuro. Donald Trump foi um dos críticos, enquanto os burocratas europeus duvidavam da capacidade analítica dele, o cenário que se apresenta hoje foi bem desenhado por ele. A solução para o fornecimento de gás à Europa virá dos EUA, principalmente, em que pese a Alemanha não possuir unidades receptoras suficientes para o processamento do gás liquefeito. 

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