OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A política externa, geralmente, não é um tema recorrente nos pleitos eleitorais, com algumas exceções, como os EUA, onde ela, algumas vezes, pode estar no palco central. No Brasil, a política externa é um tema que fica à margem dos principais debates, que se focam nos assuntos econômicos, por exemplo. Todavia, a política externa possui um reflexo importante para a política doméstica, ainda mais em um plano desafiador, como o da guerra russa contra a Ucrânia, a ausência de lideranças internacionais fortes, uma crise mundial nas cadeias produtivas, entre outros. São muitos os desafios que um governo deve transpor mundialmente, evitando que eles possam trazer prejuízos à política doméstica. O que observamos, neste momento, é o retorno da ameaça nuclear, a anarquia internacional e uma economia com dificuldades de recuperação, ainda em decorrência da pandemia. Assim, em um cenário eleitoral delicado, surge a seguinte pergunta: como seria a política externa de Bolsonaro, caso reeleito, ou a de Luiz Inácio, caso eleito?

 

Bolsonaro 

Um dos pontos de destaque da política externa de Bolsonaro foi a de romper as relações exclusivas com o hemisfério sul buscando, de forma pragmática, novas relações que favorecessem o Brasil. Como resultado dessa estratégia, o governo negocia a entrada do Brasil na OCDE, o clube dos países ricos. A adesão futura colocaria a política externa brasileira em outro nível, a de estar a par com as maiores economias mundiais. Em relação à guerra russa contra a Ucrânia, o Brasil provavelmente manteria um certo distanciamento estratégico, principalmente para manter as entregas dos fertilizantes, importantes para o agronegócio. A política externa estaria em sentido contrário ao desastre que a reascensão da esquerda na América Latina tem produzido. Outro enfoque seria o Acordo Mercosul/UE, em que pese ele passar por uma dificuldade: os interesses dos lobbies europeus. Haveria uma estabilidade relativa em termos de política externa, que seguiria beneficiando o Brasil.

 

Lula 

A política externa de Lula representaria um retrocesso considerável. A política Sul-Sul seria retomada e o enfoque seria o de negociar exclusivamente com os países do hemisfério sul, sem ganhos importantes ao país. Outro risco considerável seria o alinhamento com ditaduras latino-americanas e o retorno da pauta ideológica nos interesses nacionais. Peru, Chile e Colômbia já demonstram os danos do retorno da esquerda. Haveria também um alinhamento com a Venezuela e a Nicarágua. A Venezuela está a serviço dos russos e a Nicarágua extinguiu a liberdade religiosa no país e persegue cristãos, com ímpetos totalitários. Aqui poderia haver um retrocesso também na eventual adesão do Brasil na OCDE. Outra parceria que poderia ser fortalecida é com a China, todavia em termos ideológicos, inclusive apoiando os interesses chineses em relação a Taiwan. Outro risco considerável seria a fuga de investimentos, devido aos cenários incertos. A perda do pragmatismo seria profundamente danosa aos brasileiros, desfavorecendo inclusive o superávit de nossa balança comercial. Soma-se a isso o risco de possibilitar o retorno da relativização da Amazônia, uma vez que a soberania não é uma pauta premente à esquerda.

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