Como qualquer investimento, a locação de imóveis também possui seus riscos. Um deles e talvez o que mais preocupa é a inadimplência que ultimamente, de modo geral, tem batido mais vezes na porta de muitas famílias brasileiras. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no mês de setembro a inadimplência atingiu o maior patamar desde 2010, alcançando quase um terço do total de famílias no país. Esse é o terceiro mês consecutivo que o país bate recorde em endividamento e inadimplência, um reflexo claro do abalo macroeconômico, protagonizado por alta inflação e perda de poder aquisitivo.
Isso, no entanto, não é um motivo forte o suficiente para inviabilizar uma locação, pois o que não faltam hoje em dia são alternativas para proteger o patrimônio e garantir rentabilidade aos proprietários de imóveis alugados. Se antes o fiador era uma escolha quase unânime entre os locatários, agora divide espaço com outra opção mais efetiva: o seguro fiança, que proporciona maior agilidade no processo de locação, a um custo bastante acessível. Rodrigo Elorza, responsável por riscos financeiros da Porto conta em um episódio do podcast Imob Aluguel que as simulações de seguros passaram de 20 a 30 mil cotações/mês no início de 2020 para mais de 100 mil/mês em 2022, salto que demonstra claramente uma maior popularidade da solução entre os inquilinos.
O aumento na adesão também se deve à maior concorrência entre as seguradoras, fator determinante para manter as taxas mais equilibradas. Basta lembrar que até poucos anos, um seguro fiança tradicional batia tranquilamente a casa dos 20%. Com a chegada de soluções mais inovadoras e menos burocráticas, as seguradoras passaram a competir cada vez mais por diferenciais que, no final das contas, têm se mostrado bastante atrativos para a locação de imóveis. Hoje é possível contratar um seguro fiança por 10% ou até 8%, a depender do contexto. Uma média bastante aceita pelo inquilino por se assemelhar ao desconto ofertado pela maior parte dos proprietários.
Acontece, no entanto, que assim como a adesão por seguros tem aumentado, os critérios para aprovação também estão mais exigentes. No mesmo episódio do Imob Aluguel, Elorza conta que no primeiro semestre do ano, a Porto registrou uma queda entre 10 a 15% no índice de aprovação médio das cotações. Uma queda intimamente relacionada à situação macroeconômica do país. Na prática, já não basta o inquilino estar adimplente com seus compromissos financeiros atuais, ele também precisa comprovar capacidade suficiente para seguir com a locação em um médio prazo. Afinal, o custo de vida aumentou, o poder de compra está mais restrito e quem, até então vivia com o orçamento em dia, hoje pode estar vivendo no limite, muito mais propenso a atrasar pagamentos ou acabar se endividando no médio prazo.
Ao olhar para isso, as seguradoras estão deixando um pouco de lado a corrida pelo melhor preço para investir em melhores coberturas ao proprietário e facilidades de negociação para o inquilino. Aliás, não somente as seguradoras, como também imobiliárias, que buscam conhecer mais a fundo seus clientes, colocando em prática uma avaliação mais criteriosa dos cadastros.
Para o proprietário que tem um imóvel para alugar, é fundamental conhecer as garantias oferecidas pela sua imobiliária. Pois se por um lado a locação de imóveis se assemelha a outros investimentos pelos riscos que possui, por outro também se difere pelas diversas possibilidades de mitigar qualquer prejuízo. A régua alta e os critérios mais rigorosos na locação de imóveis só demonstram que essa pode ser a melhor e mais segura forma de rentabilizar seu patrimônio, principalmente em momentos de maior instabilidade econômica.