OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A cada cinco anos, reúnem-se os membros do Partido Comunista Chinês para anunciar o que já é sabido, quem será o novo líder do país. A novidade seria o terceiro mandato de Xi Jinping, uma vez que a troca de poder, em tese, se daria após dois mandatos de um mesmo líder. O vigésimo congresso do partido comunista é uma das principais reuniões das últimas décadas, pois, selará os novos desafios que a segunda maior economia do mundo irá se defrontar, em uma conjuntura delicada como a atual. O Congresso toma lugar duas vezes a cada década e tem uma duração de cerca de uma semana. Os membros do Partido Comunista discutem, ao modelo autocrático, novas mudanças na agenda política do país. São ao todo cerca de 2,3 mil identificados como delegados do partido, um dos maiores do mundo, com cerca de 96 milhões de membros. Toma destaque o Politburo (comitê central da antiga União Soviética) do partido, que possui 25 membros e o Comitê Permanente, que é órgão mais poderoso na tomada de decisão no país e congregaria a elite do partido, ou seja, quem manda na autocrática China, nesse caso, o seu secretário-geral, Xi Jinping. Os membros do Politburo assumem papéis de proeminência no governo. Na ditadura chinesa há um único partido, o Comunista. Todo o processo não pode ser considerado como eleitoral, senão, apenas uma simbologia dos comunistas de que estão “escolhendo” os seus futuros líderes. Os membros do Politburo são escolhidos por aqueles que compõem o Comitê Central. A novidade desse congresso é a possibilidade de renovação para um terceiro mandato por parte de Xi Jinping, já que, historicamente, houve mudança a cada duas décadas. Desde Mao Zedong, pai da China comunista, Xi foi o primeiro líder a ter a sua “filosofia” adicionada na própria constituição. Isso demonstra a que ponto uma ditadura pode chegar, cristalizando as concepções filosóficas de um líder na peça constitucional.

 

Pautas 

Algumas pautas que serão destaque no vigésimo congresso: a discussão sobre a política de Covid zero, as questões da conjuntura econômica e até mesmo o futuro de Taiwan. Como trouxemos aqui na coluna, Taiwan é uma peça-chave aos novos desígnios da China, com a possibilidade de uma anexação à força, como estamos vendo no caso da guerra russa contra a Ucrânia. O futuro da China é uma preocupação que não se restringe à região, se não, às questões geopolíticas. O país ainda não se definiu com clareza, por exemplo, em relação ao que a Rússia está fazendo. Os países construíram uma “parceria sem limites”, mas ainda não resta clara a posição final da China, se apoiará incondicionalmente Putin. A parceria é definidora para Moscou, que não terá fôlego econômico para lidar com o seu futuro, ainda mais pelas restrições econômicas impostas pelas potências ocidentais. Também não resta claro se a China irá fazer qualquer tipo de ressignificação sobre as atuais configurações do poder no âmbito global, na medida em que poderia avançar em uma parceria ainda mais forte com Moscou, criando um pólo de poder, juntamente com os países dos BRICS, para enfrentar as potências ocidentais. Certamente, ao renovar mais um mandato, Xi Jinping possui uma série de desafios, assim como a geopolítica atual.

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