OPINIÃO

Teclando - 19/10/2022

Leituras da vida

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Leituras da vida

A interpretação dos fatos muda com o passar do tempo. Porém, considero mais contundente a mudança que o tempo faz com a nossa capacidade de avaliação. É indispensável esse paralelo ontem/hoje. O tempo vivido e a vida exercida nos permitem leituras bem mais rápidas, além de agilizar os reflexos do instinto. Ganhamos atalhos no pensamento e mais objetividade no raciocínio. Agregue-se a isso a experiência adquirida nas mais adversas ou favoráveis situações. Então, agora, num momento político crucial e de contundência divisória, essa leitura torna-se ainda mais importante. Mais do que um divisor ideológico, o momento escancara patamares socioeconômicos, preceitos, preconceitos e rejeições. E não falta o oportunismo, que atua como válvula de escape para suspiros de evaporação dos recalques e opressões.

Porém, na prática, muitos agem em sentido inverso para oprimir e reprimir. O tom da discussão é semitonado, pois não há mais espaço para o diálogo. O registro das vozes vai desde a prepotência autoritária ao silêncio constrangedor. A troca de ideias esbarrou na aposentadoria da lógica, prevalecendo um enfadonho decoreba. Sabe quando a gente diz que já viu esse filme? Pois bem, sinto-me assim nos últimos anos. Não que eu tenha premonições, exceto as verdadeiramente espirituais, mas o tempo vivido também deixa calejado o pensamento. Quando chutam uma bola, não necessitamos desenhar o seu percurso porque já sabemos para onde ela irá. O triste é falar para os tijolos, pois, não importa o lado, todos estão surdos. E o som que ecoa entre os paredões é distorcido e nada convidativo. Quem diz isso? Ora, o tempo!  

Perguntas ameaçadoras

O processo eleitoral exige que algumas normas sejam respeitadas. Mais do que isso, requer conduta civilizada. Este ano, observa-se que alguns chutaram o balde da educação e extorquem o livre-arbítrio. Isso ocorre no dia a dia com perguntas intimidatórias, questionando em quem as pessoas irão votar. Querem saber a posição dos proprietários dos estabelecimentos, qual o voto do balconista ou do garçom. Perguntar não ofende. Porém, utilizam um tom ameaçador que não encontra nenhum respaldo legal. Ao contrário, atinge à equidade ao esbarrar em fundamental princípio democrático: o voto é secreto.

Debate

No recente debate dos presidenciáveis, realizado pela Band, merece elogio o formato do programa. Bem bolado, dinâmico e até atrativo. Uma pena que os atores seguiram scripts ultrapassados e repetitivos. Foram mal no roteiro e pior ainda no improviso. As assessorias não supriram os protagonistas com doses de bom humor e algumas pitadas de ironia. Fico imaginando o que o Brizola faria num debate desses. Não faltariam as contundentes tiradas irônicas e nem os divertidos apelidos.

Turdídeos e barista

Mais do que eclética e inigualável, a Mesa Um do Bar Oásis ainda é dinâmica. A turma anda cautelosa e já não abusa no acelerador. Mesmo assim, as coisas acontecem por lá. Uma das novidades são os novos integrantes do seleto grupo. Trata-se de uma família de sabiás. Para enaltecer a espécie, Charles Martin diz que são turdídeos. Os simpáticos sabiás residem em ninho construído sobre o pequeno luminoso bem à porta do Oásis. A outra novidade é que a Mesa Um agora conta com o serviço personalizado de barista. O café expresso é tirado com maestria por Rodrigo ‘Porcolino’ Bonsembinte. Porém, o atendimento é limitado à diretoria. Mas, não custa nada tentar uma negociação no balcão.

Grossura explícita

Além do ruído político reinante, ainda temos que suportar o ruído que vem de algumas lojas no centro de Passo Fundo. A maioria, formada por pessoas mais educadas e com a necessária civilidade, há muito já extinguiu essa antipática e irritante conduta. Outros, porém, insistem em permanecer no lado da grossura dos mal-educados. É necessário enaltecer o bom trabalho do Batalhão Ambiental, Promotoria Especializada e Bike Patrulha, que atuam no combate à barulheira. Porém, para incutir a educação nesses infratores, faz-se necessária uma fiscalização sistemática. Quem fiscaliza?

Trilha sonora

Sade - Haunt Me


Gostou? Compartilhe