OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Em sua quinta eleição em menos de quatro anos, Israel tomará um importante rumo e um provável novo governo. Até o fechamento desta coluna (02/11), o Ex-primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ao que indicam as projeções, estaria perto de atingir o número mínimo de assentos no Knesset, o parlamento israelense. O seu adversário é Yair Lapid, um político de centro-esquerda, atual primeiro-ministro. Caso nenhum dos candidatos atinja o mínimo de assentos (61), uma nova eleição deveria ocorrer. Um partido sozinho nunca conseguiu atingir o número de assentos para uma maioria. A principal temática das eleições foi o aumento do custo de vida, um problema similar ao que os europeus estão passando. A projeção é de que o Likud e seus aliados ganhem 65 dos 120 assentos, com uma ampla frente de partidos políticos de direita como Religious Zionism/Jewish Power, Shas e United Torah Judaism. O comparecimento nas urnas chegou a mais de 70%, sendo o maior número desde 2015. Lapid tentou construir uma coalizão jovem e com forças políticas heterogêneas voltadas ao centro, mas ao que tudo indica, não obterá a maioria. Ao todo, são mais de 40 partidos políticos que estão pedindo votos. No geral, os eleitores árabe-israelitas continuam frustrados com o aumento das taxas de criminalidade e pobreza em suas cidades natais, uma vez que 70% das mortes violentas se deram em comunidades árabes.

 

Quem é Netanyahu? 

Netanyahu, também conhecido pelo seu apelido “Bibi”, foi primeiro-ministro entre 1996 a 1999, e de 2009 a 2021. Com 15 anos no poder, é o líder que mais tempo permaneceu no comando de Israel e dirige o partido político Likud, uma força importante na configuração política da nação. Com 73 anos, Netanyahu é acusado em três casos de corrupção, os quais nega veementemente. Nesta eleição, ele trouxe uma curiosidade: o “Bibi-Bus”, um caminhão com vidro à prova de bala em um dos lados, para dirigir-se à multidão de seguidores. A obstinação de Netanyahu é louvável, mesmo com os casos de corrupção e de ser conhecido por um discurso mais incisivo – ainda consegue ser uma força muito importante no espectro político. Netanyahu prometeu limitar a independência do poder judicial, para que ele não possa anular as decisões do governo. No âmbito internacional, prometeu quebrar o acordo marítimo com o Líbano. Já com a Rússia e Irã, vai manter a mesma abordagem que Lapid até aqui.

 

Alianças e geopolítica 

Netanyahu teve de criar uma aliança forte e, para isso, precisou chamar diferentes partidos políticos de direita e extrema-direita, com destaque a um político, Itamar Bem-Gvir, que é um admirador de Meir Kahane, um ideólogo anti-árabe radical que foi banido da política israelense. Em termos geopolíticos, Israel tem um papel de proeminência, não apenas pelo longo conflito israelo-palestino, mas por ser uma democracia em meio a Estados autocráticos. No aspecto da guerra russa contra a Ucrânia, Israel tem ajudado Kiev, principalmente, nas questões humanitárias, mantendo certa neutralidade devido às suas relações com a Rússia. A Ucrânia tem solicitado reiteradamente o envio de sistemas de defesa aérea, mas sem êxito. A neutralidade de Israel certamente faz toda a diferença no campo de batalha ucraniano.

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