Sociedade caricata
Quando os meus pés estavam nas areias de Itapema, o já saudoso amigo Fernandão sempre me dizia que os humanos são os seres mais ridículos da face da Terra. Para confirmar a sua máxima, bastava dar uma espiada para os lados. De fato, somos criaturas caricatas. Observem como tem pessoas cômicas, bregas, estrambólicas, absurdas, vulgares, vaidosas, mesquinhas ou mesmo idiotas. Considero os emergentes sociais como os mais caricaturescos. Despontantes humanos, cidadãos inusitados que se autointitulam como seres especiais, do bem ou proprietários da verdade. Parece que colocaram o rolo ao avesso na máquina de rotular e, então, temos rótulos inversos. Isso porque as pessoas adoram nominar as outras, mas se esquecem de que as suas características também são delineadas em apelidos. Então, surgem contundentes caricaturas para o falso moralismo com os traços da moral de cuecas ou de calcinhas.
Entre ditados ditos e não ditos, não podemos nos esquecer do próprio traseiro. Ou, como bem dizia a sapiência de antigas senhoras, a língua é o chicote do rabo. Exatamente isso, porque na briga dos nicknames os que apelidam aos outros são ainda mais caricatos. Aquelas pessoas com ar de superioridade, que se acham as certinhas e donas da verdade, raramente param para uma autoavaliação. Certamente, porque pouco pensam e têm um olhar unilateral. Olhar só para um lado indica cérebros bitolados. E o discernimento limitado deixa as pessoas demasiadamente suscetíveis a acreditar em tudo. Inclusive em absurdos. Consequentemente, chegamos ao ridículo de uma multidão moldada como uma imensa caricatura coletiva. Basta espiar para os lados.
Terceiro Tempo
Sempre fui ouvinte fiel e fã da Rádio Guaíba. Lá pelos anos 1970/1980, a programação esportiva vestia fraque. Tinha o antes, o durante e o depois. Aos domingos, antecedendo as jornadas esportivas, Edegar Schmidt apresentava ‘Preliminar – Som do Futebol’. Na abertura Milton Nascimento e Aqui É o País do Futebol. Depois vinha o futebol propriamente dito com narradores do quilate de Milton Ferretti Jung, Pedro Carneiro Pereira, Antônio Carlos Resende, Armindo Ranzolin, Élio Fagundes, Paulo Cagliari, Samuel de Souza Santos e tantos outros. Os comentaristas eram Antônio Carlos Porto, Lauro Quadros e Ruy Carlos Ostermann, com os repórteres João Carlos Belmonte, Edegar Schmidt, Lupi Martins, Clóvis Rezende etc. E no plantão... Antônio Augusto. Um time de respeito e elevada qualificação. Mas o futebol prosseguia na segunda-feira às 20h40, após o Correspondente Renner, com o programa Terceiro Tempo que reunia a equipe esportiva para discutir sobre os jogos de domingo. Então, para a minha geração, quando alguém ficava emburrado e reclamava da arbitragem ou do resultado do jogo, a gente refutava com “terceiro tempo é só na Guaíba”. E ponto final.
Psiquiatria veterinária?
Data vênia Dr. Jorge Alberto Salton, atrevo-me à superficial intromissão na ciência psiquiátrica. Pelos meus parcos conhecimentos, a psiquiatria tradicional encontra origens para patologias já catalogadas. Porém, agora, surgiram comportamentos inusitados que, ao que parece, são de difícil diagnóstico. Diante de um comportamento irracional seria um caso de psiquiatria veterinária? E quando adultos agem como crianças emburradas, teríamos um transtorno opositivo-desafiador coletivo? Sei lá. Aposto que a origem da turbulência é virtual e, portanto, mais uma novidade clínica.
Independência
Quando o canteiro central da Independência, entre Bento e Eleutério, será devolvido à população? O local vem sendo ocupado para o comércio ilegal e, ainda, desrespeita as leis ambientais. É um festival de irregularidades e desrespeito para com as pessoas que curtem aquele maravilhoso espaço. Até quando?
Escândalos
O iminente escândalo local passa por fatores econômico-patrimoniais, enquanto uma névoa turva paira sobre a zona sul. Já o escândalo em nível estadual tem 20% dos fios emaranhados em algumas retas.
Trilha sonora
De João de Aquino e Paulo César Pinheiro, com Marisa Gata Mansa – Viagem
