São muitas as significações que se pode admitir para a palavra Congresso. O professor Ironi Andrade, na mais recente edição do Guardião das Letras (n.º 13, novembro de 2022), ao esmiuçar a etimologia da palavra (do latim CONGREDI, encontrar-se ou lutar com, e COMGRADI, caminhar, andar a passo, juntos), foi além da definição consagrada de “evento formal e periódico de profissionais e especialistas que têm interesse na mesma área”, que comporta os mais variados tipos de reunião de pessoas (convenção, concílio/consílio, foro, congregação, assembleia, convenção, fórum, sínodo, parlamento, seminário, consistório, conclave, conselho, debate, seminário, etc.), ao propor, com magistral criatividade, que, essa semana, um único registro é possível para essa palavra: reunião das Academias de Letras do Estado do Rio Grande do Sul, em Passo Fundo, no Brasil.
A realização de congressos, reunindo Academias de Letras e congêneres, em atividade no Rio Grande do Sul, foi uma iniciativa da Academia Rio-Grandense de Letras (ARL). O primeiro encontro dessa natureza aconteceu em Porto Alegre, no dia 14/11/2015, no Palácio do Comércio, localizado no Largo Visconde do Cairu, Centro Histórico da Capital do Estado. O segundo, promoção conjunta da ARL e da Academia Santa-Mariense de Letras, seria realizado em Santa Maria, no Teatro da Editora da Mente, de 29 de novembro a 1° de dezembro de 2018. E, finalmente, chegamos ao 3º Congresso Estadual das Academias de Letras do Rio Grande do Sul (3º CEAL), desta feita, tendo a Academia Passo-Fundense de Letras, como instituição anfitriã, e Passo Fundo, fazendo justiça ao honorável título de Capital Nacional da Literatura, como cidade sede.
O 3º CEAL acontece de 17 a 19 de novembro de 2022, na sede da Academia Passo-Fundense de Letras, no majestoso edifício de estilo eclético, construído em 1912 (conforme consta, em algarismos romano, MCMXII, acima da porta mais alta do Rio Grande do Sul), integrado ao Espaço Cultural Roseli Doleski Preto, na Avenida Brasil Oeste, nº 792, no centro de Passo Fundo. Nas mensagens de boas-vindas dos presidentes da Academia Passo-Fundense de Letras, acadêmica Marilise Brockstedt Lech, e da Academia Rio-Grandense de Letras, acadêmico Rafael Bán Jacobsen, sobressaem-se, além das protocolares palavras de acolhimento, um chamamento à reflexão sobre o papel das instituições que trabalham em prol da arte e da cultura, em tempos de reconexão, após o afastamento forçado pela pandemia da Covid-19, e de novos desafios impostos pela conjuntura sociopolítica, que impera dentro e fora do nosso País.
São 45 instituições cadastradas, atualmente, como Academias de Letras e Centros Literários, em atividade, no Rio Grande do Sul (possivelmente haja mais). Algumas tão antigas como a Academia Rio-Grandense de Letras, cuja criação data de 1901, ou a Academia Passo-Fundense de Letras, fundada em 1938. Mas, evidentemente, a vasta maioria criada em tempos mais recentes. Os representantes dessas organizações, além de convidados especiais, estarão reunidos no 3º CEAL para discutir o passado (as Academias de Letras através dos tempos e lugares), o momento presente (as missões e as ações das Academias de Letras na atualidade) e o futuro (os desafios das Academias de Letras nas próximas décadas), mas, especialmente, o papel das Academias de Letras como guardiãs do livro, o mais nobre testemunho da experiência humana, segundo Luiz Coronel. Paralelamente às sessões plenárias, exposição de banners das Academias de Letras participantes e feira de livros dos autores presentes.
Se no famoso conto de Jorge Luis Borges, El Congresso, inserido em El Libro de Arena, originalmente publicado em 1975, o congresso do mundo, que os personagens estavam urdindo, representaria a todos os homens de todas as nações, ouso imaginar que o 3º CEAL possa representar, pelo menos, a todos os escritores de todas as Academias de Letras do Rio Grande do Sul.
Nossos respeitos à comissão organizadora do 3º CEAL: Airton Ortiz, Agostinho Both, Antonieta Rovena O. Gonçalves Dias, Dilse Peccin Corteze, Elisabeth Souza Ferreira, Ironi Gozzi de Andrade, Marilise Brockstedt Lech e Rafael Bàn Jacobsen.
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