A Faculdade de Agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF), em 1983, adotou, oficialmente, como forma de perpetuar a memória e o legado de cada turma de alunos formada pela instituição, o plantio de um pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia). E assim, no Campus I da UPF, nas proximidades do prédio da Faculdade de Agronomia, começou a ganhar forma a Alameda dos Pinheiros, onde vistosas araucárias ostentam placas com as denominações de 1ª Turma Agronomia UPF-1971, 2ª Turma Agronomia UPF-1972, 3ª Turma Agronomia UPF-1973 e, sucessivamente, até os dias atuais, com mudas ainda pequenas.
Mas, como tudo na vida, sempre há um porém. A 2ª Turma Agronomia UPF-1972, que ora completa 50 anos de formada e que, para comemorar a data alusiva (2 de dezembro de 1972), estará reunida, nesse final de semana (3 de dezembro), em Passo Fundo, no oitavo encontro (os anteriores foram por ocasião dos 10, 20, 25, 30, 35, 40 e 45 anos de formados), entende que a sua “árvore símbolo”, que a representa, não é a segunda araucária com a placa 2ª Turma Agronomia UPF-1972, na Alameda dos Pinheiros, mas, sim, um falso pau-brasil (Caesalpinia sp.), localizado nas proximidades do prédio do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGAgro) da UPF. Evidentemente que, na época, os alunos imaginaram ter plantado uma muda de pau-brasil (Caesalpinia echinata, conforme espécie, originalmente, classificada por Lamarck, em 1785. Atualmente, reclassificada como Paubrasilia echinata). Caberia, anos mais tarde, à professora Branca Severo desvendar o mistério, embora sem quebrar o encantamento, que aquela árvore não era um autêntico exemplar de pau-brasil, embora do gênero Caesalpinia, cuja espécie ela não conseguiu classificar (por falta de bibliografia adequada), sendo, portanto, um falso pau-brasil.
Dos 38 formandos que, na noite de 2 de dezembro de 1972, para a colação de grau, subiram ao palco do antigo Cine Coral, na Praça Santa Terezinha, 13 faleceram nesse interregno de 50 anos. Depois de formados, 20 permaneceram em atividade no RS, 10 foram para o PR, três para SC, três para MS, um para SP e um para o MA. E dois trocaram a Agronomia por outras profissões, caso de Marli T. Donadussi Neuhaus, que optou pela Medicina, e de Edgar A.V. Fucks, pela Advocacia. Na relação dos mortos, com tributo in memoriam: Ângelo José Bertochi, Antônio Carlos N. Noal, Ari Sodré Silva, Daltro Schleder, Edgar A. V. Fucks, José Ronald Bertagnoli, Julio Alberto Rodighieri, Luiz Carlos C. Vargas, Marli H. Berwig, Moacir Micheletto, Rogério P. Goelzer, Valter Carlos Neisse e Volmar Costa.
No grupo dos remanescentes, nomes que se destacaram e, ainda, se destacam nas mais variadas atividades ligadas à Agronomia. Caso de Amadeo Oliveira, Darci Caldato, Oly Ramos Pinto, Antoninho Carlos Maurina, Eroni Bertoglio, Gelson Magrin, Honorino Américo Tronco, Nestor Bragagnolo e José Luiz Covatti, na extensão rural; Valter Pitol, na extensão rural e no cooperativismo (presidente da Copacol); Jurandir Berigo, na extensão rural e como pecuarista; Edson Jair Iorczeski, Gabriela Lesch Tonet, João Carlos Ignaczak e Antônio Ricardo Panizzi, na pesquisa agrícola; Jônez Leal Severo e Eloty J. Dias Schleder; no ensino agrícola; Dalton Ribeiro Neves, na área de planejamento rural; Antoli Fauth Mello e Celso José Golin, como produtores e empresários rurais; Roberto Tagliari, em armazenagem de grão e produção agrícola; Paulino Stakovski, como produtor rural e empresário (condimentos); Cláudio Boscardin, no comércio de insumos agrícolas; e Edson Rodrigues Santos, na vigilância sanitária animal e vegetal.
Dos 25 remanescentes, 16 estarão em Passo Fundo para festejar os 50 anos da 2ª Turma Agronomia UPF-1972. O rito vai envolver visitação ao Campus I da UPF, descerramento de placa alusiva e jantar de confraternização. Quem sabe, até, alguém se lembrará de levantar um brinde à memória do Dr. Paulo Fragomeni, Patrono da Turma, médico e professor de fisiologia vegetal, um dos iniciadores do movimento ecológico em Passo Fundo, cuja luta influenciou muitos dos seus ex-alunos na defesa ambiental. Ou, não ficará esquecido, o velho ônibus azul da Universidade, apelidado de coleóptero (pelo formato de besouro), que, não raro, em dias de chuva, precisava ser empurrado para subir a lomba da atual Av. Brasil Leste, na altura do CAIS Petrópolis.
Os nossos respeitos aos egressos da 2ª Turma Agronomia UPF-1972! (P.S.: coluna escrita com a colaboração de João Carlos Ignaczak.)