OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Ao renovar o seu mandato, muito possivelmente por tempo indeterminado (assim funcionam as ditaduras), o presidente chinês, Xi Jinping, começa enfrentando um desafio interno fora do comum, os protestos massivos contra a política restritiva do Covid Zero. As manifestações contra o Partido Comunista se estendem de Xangai a Pequim e não se limitam a uma contrariedade às políticas restritivas, pois, algumas delas demandam mais liberdade e democracia, em meio a um regime ditatorial de partido único. Algumas manifestações também pedem o afastamento de Xi Jinping, que tem imposto um controle excessivo em relação ao Covid, com bloqueios, quarentenas, testes forçados e até campos de concentração. O totalitarismo digital também tomou conta da China, com recursos de vigilância em massa, com drones e outros recursos diversos.

 

O início 

Ao que se sabe, as manifestações foram originadas em virtude de um incêndio em Urumqi, Capital de Xinjiang, em um grande prédio condominial. Ao que tudo indica, as medidas restritivas de bloqueio atrasaram a chegada dos bombeiros no local, o que levou à morte cerca de dez pessoas. O bloqueio já se estendia no local por cerca de cem dias, impossibilitando os moradores da localidade em movimentar-se, ficando encarcerados obrigatoriamente. O acontecimento foi o estopim para que os protestos se espalhassem por todo o país. Os registros contam que os protestos ocorrem em cerca de 20 lugares distintos, da Capital até o centro financeiro, em Xangai, envolvendo todas as faixas etárias, de estudantes a pessoas mais velhas.

 

Restrições 

Só em Xangai, no início deste ano, o lockdown se estendeu por mais de dois meses, impossibilitando o acesso da população aos suprimentos básicos. A vigilância digital se estendeu também na utilização de drones, muitos carregados com químicos desconhecidos, que eram derramados nos populares chineses, remetendo a uma cena somente vista em filmes de ficção – mas uma realidade na ditadura comunista chinesa. Os populares estão avançando contra as forças de repressão, derrubando barreiras aos gritos de mais liberdade. Há relatos de que funcionários de grandes empresas estavam sendo obrigados a permanecer obrigatoriamente dentro das fábricas, sem poder sair ao encontro de seus familiares. Os protestos não se limitaram às ruas e fábricas, estendendo-se também às universidades, como a de Pequim, uma das maiores do país, com estudantes gritando também por liberdade.

 

Conjuntura 

No aspecto econômico, muitas empresas multinacionais dependem da produção chinesa e as medidas restritivas e agitações nas portas das fábricas trazem incertezas. Uma delas envolveu a Apple, que devido ao cenário, teria menos 6 milhões de seus equipamentos a circularem no mercado, este ano. Torna-se difícil prever o quanto as manifestações irão extrapolar para o cenário político da China, todavia há indícios fortes de que existe um descontentamento não apenas com as medidas restritivas, mas também com o próprio regime político. Enquanto isso, o governo até pensa na flexibilização das medidas, mas não há certeza de que os gritos por liberdade irão cessar. Há um desafio nas mãos de Xi Jinping e do regime comunista, esse que não concebe o que possa ser a liberdade.  

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