Esses dezembros
Os dezembros são meses de muita correria. Se parecem com um tubo de Venturi acelerando compromissos e emoções. Os panetones invadem as prateleiras e começa a competição entre o peru e o chester. O final do ano é um marco. Completar mais um ano é uma conquista que reverenciamos em brindes com familiares e amigos. É uma dádiva espiritual que compartilhamos no Natal e no Ano Novo, momentos de confraternização, harmonia e muita paz. Mudam as frequências e vivemos momentos especiais quando os rancores evaporam, as diferenças se estreitam e as arestas são aparadas pelas vibrações da fraternidade. Mas nem todos os dezembros são iguais. Infelizmente, para este final de ano não vislumbro as melhores perspectivas. A contundente divisão política afasta pessoas, pulveriza o ódio e fomenta o rancor. Posições radicais esfacelam amizades e provocam até rupturas familiares.
O pior de tudo é que esse ódio não surgiu do acaso, pois foi propositada e metodologicamente implantado entre nós. Parece piada, mas até temo pela integridade do Bom Velhinho, que, recentemente, foi alvo da insanidade alimentada pela paranoia. Termina o ano, assim como um jogo que acabou, mas ainda não se esvaziaram as arquibancadas. Tomara que o meu pessimismo nas projeções esteja totalmente fora da rota do destino. Os ânimos exaltados e as condutas irredutíveis devem dar espaço para os abraços sob o piscar das luzes da árvore de Natal e para o tilintar das taças no Réveillon. É claro que esse calor humano não acaba com o livre-arbítrio, propiciando discussões ferrenhas sobre a uva passa nos recheios. E, para colocar mais lenha na fogueira, enfatizo que não é uva passa e, sim, passa de uva. Pronto. Essa é a salutar, saborosa e admissível briga de final de ano. E só! Então, sejamos apenas o máximo que somos: seres humanos.
Parboilizado
O arroz é acompanhamento indispensável. Lá antigamente, havia o arroz de primeira, o agulhinha com grãos longos, e o de segunda, o blue com grãos menores. Como existem alimentos de primeira e de segunda, abro parêntesis para lembrar que todas as bocas e estômagos são de primeira. Pois bem, depois chegou ao mercado o arroz parabolizado. Sim, as pessoas falavam pa-ra-bo-li-za-do, eu lia pa-ra-bo-li-za-do, comprava pa-ra-bo-li-za-do e comia pa-ra-bo-li-za-do. Pior, muitas vezes gravei comerciais de rádio com promoções de arroz pa-ra-bo-li-za-do. Porém, há algumas semanas, com o pacote de arroz na mão detectei algo diferente. Estava escrito par-boi-li-za-do. Como assim? Além dos butiás, até as bergamotas saltaram do bolso! Isso significa que o termo parabolizado ficou gravado e intocável em minha memória desde a primeira garfada. E foram necessários mais de 50 anos para acionar o meu corretor ortográfico. Tubo bem, deletei o parabolizado e incluí o parboilizado. Alteração concluída com sucesso! E na hora de comer, será que me esquecerei do parabolizado? Por via das dúvidas vou desconectar as antigas parabólicas.
Vagas verdes
O estacionamento do Bella Città Shopping é bem organizado, tem vagas sinalizadas com luzes e áreas para idosos e deficientes. Agora conta com vagas verdes exclusivas para carros elétricos dotadas de pontos para abastecimento de energia. Se o mundo está mudando, que seja para melhor.
Pintura renovada
O Bourbon Shopping chega a dezembro com algumas novidades na área externa. Além da troca da cobertura nas ilhas de estacionamento, enormes guindastes auxiliam na renovação da pintura das fachadas. Tudo brilhando para os agitados dias de final de ano.
Grossura
Enquanto os principais estabelecimentos têm foco na qualidade, infelizmente ainda persistem alguns arautos da vulgaridade. São aquelas lojas que entopem as calçadas com obstáculos e desrespeitam os ouvidos alheios. Usar alto-falantes na porta, além de crime ambiental, é falta de educação e grossura explícita. Qual a credibilidade de quem sequer respeita os ouvidos alheios?
Pai Magno
Final de ano aguça a curiosidade em relação à regência do novo ano e, é claro, as previsões do Pai Carlos Magno. Por enquanto apenas posso adiantar que 2023 será regido por Pai Oxalá, Mãe Iemanjá e Mãe Oxum. Para o Réveillon a dica é usar branco e prata. Mais detalhes? Aguardem.
Trilha sonora
Nico Fidenco - A Casa d'Irene