Há um provérbio oriental que diz: “Homens fortes criam tempos fáceis. Tempos fáceis geram homens fracos, mas, homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes”. O momento atual da política internacional é de extrema dificuldade e como assinalava o provérbio, por culpa de homens fracos ou até mesmo, de líderes inexpressivos e sem assertividade. O mundo se fragmentou desde o início do século e uma de suas características é a ausência de lideranças internacionais influenciadoras, capazes de orientar algum tipo de agenda internacional ou até mesmo o tabuleiro geopolítico. Grande parte de toda essa sintomatologia é responsável por ter permitido o avanço de Putin em uma guerra contra a humanidade, na medida em que o rigoroso inverno se aproxima na Ucrânia, e Moscou segue debilitando a infraestrutura do país, enquanto os líderes ocidentais observam de seus gabinetes. Nenhuma liderança internacional foi capaz de confrontar Putin e os seus delírios, se não, de forma apenas indireta. Esse cenário permitiu a escalada de tensões com narrativas “soviéticas” em termos nucleares, colocando o mundo em um verdadeiro risco. Um mundo que se perdeu na burocracia das Nações Unidas e as suas resoluções e que não consegue mais frear o ímpeto perverso de algumas lideranças. Assim, o mundo fragmentado se impõe, não havendo mais qualquer tipo de unicidade, mesmo no emprego da realpolitik, quando necessária.
União Europeia
Agora a União Europeia encontra-se em um cenário de relativo risco energético, presa na ausência de lideranças fortes para reverter o cenário e conseguir transpor as barreiras da burocracia europeia. As lideranças foram fracas, quando acreditaram que poderiam depender, em termos energéticos, da Rússia – sem o cálculo político que isso poderia significar. Mesmo com uma OTAN relativamente forte, Putin apostou na fraqueza dos líderes europeus.
EUA
Só agora é que os EUA conseguiram sucesso no teste de armas hipersônicas, pois, estavam ficando atrás da China e da Rússia. A política externa americana, por outro lado, tem se provado um verdadeiro fracasso. Um país que impôs de forma assertiva as suas visões, com homens fortes, hoje possui Biden no comando, um verdadeiro estímulo para ações como a de Putin.
China
Xi Jinping precisou fazer uma manobra para renovar o seu mandato, agora indefinidamente, como todo bom ditador. A sua fraqueza hoje se mede a partir dos próprios movimentos internos, que do Covid zero se expandiram para manifestações políticas de contrariedade ao líder chinês. Ele ainda mantém uma dubiedade sobre os crimes de guerra de Putin, mostrando que o pragmatismo pode ter substituído o que já tivemos como homens fortes. E só homens fortes (e capazes) criam tempos fáceis.
América Latina
Não há na América Latina uma só voz que represente algo sério para a política internacional. O cenário só irá piorar. A emergência das esquerdas, essas que vendem homens fortes, mas entregam homens fracos, poderão colocar a região no esquecimento, ou até mesmo entregá-la a pretensos “homens fortes”, como é o caso da China. Venezuela já o fez. Outros países começam a fazê-lo. Os homens fracos fragmentaram o mundo, criaram tempos difíceis e trouxeram apenas incertezas. Esse é o momento atual da política internacional.