OPINIÃO

Teclando - 04/01/2023

Ele

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· 3 min de leitura
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Ele

Mal engatinhava para os meus primeiros passos e já ouvia o nome Pelé. Vi-o pela primeira vez na fotografia de uma capa da Revista do Esporte. Seu nome rondava os campinhos onde a piazada batia uma bolinha nas proximidades da nossa casa. Rolavam histórias fantásticas sobre Pelé, um craque e ídolo incontestável. Também estava na sala de casa estampado nas capas das revistas O Cruzeiro e Manchete. Brasil campeão mundial e só se falava em Pelé. Depois, no bicampeonato, pude vê-lo nas imensas páginas do Correio do Povo. Existia o futebol, clubes, jogadores e o Rei Pelé - Sua Majestade reverenciada por todos os monarcas do planeta. No rádio ouvíamos muito sobre as suas façanhas com a bola. Mas as imagens de suas jogadas fantásticas enxerguei pela primeira vez numa matiné, no lendário Canal 100. Ao som envolvente de Na Cadência do Samba, a plateia silenciou diante da imagem do cinema. Era Pelé, um gigante na telona, cuja jinga e dribles em câmara lenta acompanhavam sincopados o piano e os metais da orquestra de Waldir Calmon. Magnânimo, justificava todos os seus superlativos.

A emblemática Copa de 1970 chegou ao vivo pela televisão, ainda em preto e branco, quando um pool de emissoras transmitiu do México para o Brasil. Em sua impecável narração, Geraldo José de Almeida pouco dizia o nome Pelé. Preferiu sintetizar para “Ele”, com a mais respeitosa entonação. E quando a bola estava com Ele, ficávamos seguros e confiantes. E foi com Ele que conquistamos o tricampeonato. No mesmo ano, em setembro, Ele esteve em Erechim e pude vê-lo a alguns metros na entrada do hotel. E, para carimbar o meu passaporte, à noite fui assisti-lo no jogo inaugural do Colosso da Lagoa, quando o Santos venceu o Grêmio por 2 a 1. E adivinhem quem marcou o primeiro gol no Colosso? Sim, foi Ele. Eu vi e, como toda a torcida do Grêmio, também aplaudi de pé àquele momento histórico para o estádio e para Erechim. Foi na goleira à esquerda das cabines de rádio, com o gol número 1.040 e a troca da camisa 10 pela 1040 em alusão à Rádio Tupi. Então, depois de assistir da arquibancada Ele jogando e marcando um gol, posso afirmar que o resto é apenas futebol. Pelé, de fato, era “Ele”.

Os acampamentos

Época de férias e a cidade esvazia. Muitas pessoas gostam de permanecer acampadas. Para essa turma não faltam opões junto às barragens do Capinguí ou de Ernestina. Pensando naquelas pessoas que adoram ficar acampadas, os clubes sociais também disponibilizam aos seus associados excelentes espaços para montar acampamento. A infraestrutura, com banheiros, churrasqueiras e áreas de lazer, faz todo o diferencial.

Rebelatto

De uns tempos para cá, a meteorologia do Boqueirão tem a concorrência do Remeleixo, que também atende como Neucir Rebelatto. Basta ele e a sua turma irem para a calçada em frente ao Borga que desanda água ou esfria. Na primeira segunda-feira do ano a noite parecia tranquila na calçada da General Netto, porém Rebelatto estava em uma mesa no passeio público. Resultado: desabou o maior toró dos últimos tempos. E não adianta o Beto reclamar das minhas previsões. Agora já virou regra. A chuva que o diga!

Arrabalde

Existem condutas que não condizem com o porte de Passo Fundo. Em dezembro, uma loja no centro da cidade resolveu transformar a sua entrada em um palco. Com o famigerado e ilegal uso de alto-falante, as promoções agrediram ouvidos nos dois sentidos da Avenida Brasil. Isso tudo em uma porta com não mais do que quatro metros de largura. Seguindo essas proporções, se todos os estabelecimentos aderirem a essa conduta de arrabalde, teremos 50 alto-falantes a cada quadra. Que venha a fiscalização para impor respeito enquanto ainda é tempo, valorizando as lojas e as próprias salas comerciais.

Senhoras

Tem papo de bar, conversa de arquibancada, palestra de chato, trela de maluco e muito mais. Geralmente, de acordo com os protagonistas, sabemos sobre o que estão conversando. Isso praticamente não muda. Porém, nas últimas semanas, observo que elegantes e bem ornamentadas senhoras andam com a cabeça pra lá de Bagdá. Expressam tristeza e inconformismo a cada palavra. Pelo pouco que consigo decifrar, falam abobrinhas sem lógica e até demonstram uma raiva que não condiz com a rígida educação que tiveram.

Trilha sonora

De Luiz Bandeira na antológica gravação de Waldir Calmon e Orquestra – Na Cadência do Samba (Que Bonito É)


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