OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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O ano de 2023 será repleto de desafios geopolíticos. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, não observávamos um conflito como o da contenda russa contra a Ucrânia, em uma guerra absolutamente injustificável, isso tudo na porta da Europa. Um dos maiores desafios do ano será a escalada da guerra, de um lado, e o déficit de lideranças ocidentais capazes de lidar com a situação de uma forma mais assertiva, do outro. Dentre os desafios, veremos uma geopolítica conturbada, um Xi Jinping mais forte do que nunca, uma Europa unida, uma OTAN forte, as narrativas nucleares, as armas hipersônicas, até mesmo a emergência da esquerda na América Latina e os novos contornos da política externa brasileira.


Rússia X Ucrânia 

Muito provavelmente veremos novas investidas militares por parte da Rússia, enquanto não houver previsão do término do conflito. Ao passo que o poderio de fogo de Moscou vai reduzindo, a resistência ucraniana será definidora, ainda mais com os sistemas de mísseis enviados pelos americanos. Mas o inverno rigoroso é inevitável e a infraestrutura ucraniana está cada vez mais debilitada.


Imperador Xi 

Xi Jinping saiu fortalecido do último congresso do Partido Comunista Chinês, com poder inigualável em um mandato que pode ser infinito. Na China será decisiva a forma com que irá lidar com o desafio do Covid e com possíveis novas ondas de protestos. A grande incógnita será o futuro da ilha de Taiwan, enquanto os exercícios militares não cessam e os planos de anexação vão ficando inevitáveis. A questão é que os chineses não repetirão o erro de Putin, uma vez que vão colocando as suas peças no tabuleiro de forma gradual. Outra questão com potencial de evolução é a tensão que se estabelece no Mar do Sul da China, um choque entre a projeção militar chinesa e as potências ocidentais.


Europa, OTAN e as novas (velhas) armas 

A guerra da Rússia contra a Ucrânia serviu para tornar a Europa mais unida do que nunca e a OTAN fortalecida, tudo o que Putin não esperava. Será usual os exercícios militares da OTAN, treinamento essencial caso a guerra se estenda para algum de seus membros. Uma preocupação para o ano também será sobre as armas hipersônicas, hoje dominadas pela Rússia, China, e, mais recentemente, EUA. O uso por parte de Moscou poderia desencadear cenários estarrecedores. Das velhas armas, as pautas nucleares ainda terão espaço durante o ano. Do plano das narrativas, a Coreia do Norte continuará insistindo em seu plano de armas nucleares, colocando o Japão em uma situação delicada, já que os testes coreanos chegam ao mar territorial dos japoneses.


América Latina

O fator preocupante será o resultado dos governos de esquerda, que dominam o continente. Vemos uma Argentina conturbada, o Chile cercado de incertezas, Peru em uma verdadeira revolta e o Brasil com futuro incerto. As eleições na Argentina selarão o futuro do peronismo. No México, vemos um governo incapaz de lidar com a violência dos cartéis. A Venezuela cada vez mais próxima da Rússia. Já a política externa brasileira está no rumo das incertezas. A OCDE foi o primeiro sinal negativo. Muito provavelmente observaremos um retorno da fracassada política externa Sul-Sul, ou seja, o relacionamento com os países abaixo da linha do Equador, fora do concerto dos países ricos.

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