OPINIÃO

Democracia resiste à covardia

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Têm sido intensos, nos últimos quatro anos, os atentados contra o patrimônio público. As conquistas do povo brasileiro, a partir da monumental movimentação nas ruas pelas Diretas, Já – minimizou em parte os apetites ditatoriais que assolaram a nação no sistema de exacerbada fixação pela autocracia. A metodologia seguiu passos via dilapidação das mais sagradas instituições, especialmente as construídas pela luta de oprimidos. E assim seguiu o propósito de regresso ao passado sombrio do Brasil. Estocadas intermitentes sopraram traiçoeiras aos ouvidos da massa paciente da comunicação eletrônica virtual. Alguns recuos, pareciam cessar loas a autores dos massacres na ditadura, mas logo retomavam força no poder político do Planalto. O desmatamento ilegal, mineração clandestina e crimes contra a vida nos estados da Amazônia revelam omissão covarde. Assassinatos de lideranças indígenas e indigenistas não suscitaram a comoção devida dos ocupantes do Planalto. Veio a pandemia e ausência delirante de compaixão aos moribundos do país. O negacionismo diante da crise nacional foi incorporado ao objetivo da aviltar a democracia. O sistema secular oligárquico veio reiterado nos atos de gestão nacional contra os apelos de um povo. O ódio aos esperançosos de libertação mirou a justiça social emergente na pobreza, nos segmentos discriminados de nossa gente. Bastava surgir apelo social pela arte popular que a opressão se opunha. O povo entendeu que era momento de estancar a fúria antidemocrática. A proposta liderada pelo presidente Lula, mesmo enfrentando uso questionável do poder no processo eleitoral, venceu as eleições. A derrota não foi aceita por protagonistas da prepotência. E se fez covardia em atos sucessivos visando golpe à democracia.

  

Vilipêndio

Atacar a democracia, ainda em edificação, por si só, é ato espúrio. Os ataques em Brasília aos poderes constituídos foi exibição frenética; obra prestidigitada nos bastidores da política. A afronta à dignidade nacional, ao patrimônio público e atentados criminosos contra a segurança e ordem pública ocorreram dias após a posse legítima dos novos mandatários. Não se trata de manifestação de perda e dor por um resultado eleitoral legítimo. A destruição e atos de violência copiosamente comprovados nas transmissões pela imprensa livre materializam atentado pusilânime ferindo o sentimento nacional. O repúdio ao vandalismo ecoou no mundo todo. Todos reconhecem que a onda criminosa é dirigida pelo despudor de falsos líderes que se escondem. Ninguém tolera a barbárie praticada contra os bens do povo e sua dignidade cívica. A escabrosa e malsinada intentona, não vindica comida para a legião de famintos, nem políticas de melhor distribuição de riquezas de nosso país. Mercenários do ódio executam tarefas como novos suseranos alucinados pelo plano criminoso feudo de vassalos. A violência, estancada pela segurança honesta do país, foi bloqueada, mas não cessou. Focos de agressão física ou psicológica são desencadeados. Exemplo é a provocação ao advogado lulista Cristiano Zanin. Eles provocam exasperadamente uma resposta que gere violência. O bolsonarismo perdeu a eleição, o que requer a compreensão humana, inclusive dos alucinados radicais perdedores. As hordas criminosas precisam ser contidas!

 

Deus é respeito

Em 1987 o poeta carioca Eduardo Alves da Costa, alerta que “a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror. E lembra a exortação de Maiakóvski, um poeta soviético: “...Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores e matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.”

Assim, a maioria silenciosamente suporta o terror e o desacato, mas espera que sejam contidos os ímpetos lancinantes de ódio contra nossa gente ordeira. Precisamos de defesa, pela paz social!

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