Chiclete e bagaço
Parece inacreditável, mas ainda convivemos com alguns seres inaptos ao manuseio dos resíduos do cotidiano. Mesmo legalmente enquadrados e registrados como seres humanos, agem como dejetos enquanto manuseiam o lixo. Como se movidos por um impulso maligno, têm um estranho prazer ao esparramar resíduos pelo chão. Em caminhada rumo ao Boqueirão, pisei num grudento chiclete que algum mal-educado atirou sobre a calçada. Em seguida, pisoteei sobre cacos de vidro. Sim, parece que agora é moda esfacelar garrafas pelo chão nas madrugadas. Chiclete aderente, cacos de vidro e outros resíduos já desidratados me acompanharam por algumas quadras. Tudo por culpa de mal-educados. A cada passo a areia, outro elemento constante pelo caminho, compactou e esfarelou o material que estava na sola do tênis. Assim, o sentido inverso da caminhada foi mais equilibrado para as minhas pernas.
Mas perdi a paisagem, pois não tirei o olhar do chão para desviar chicletes derretidos e outras ameaças. Porém, as consequências da má-educação de berço não estão apenas nas calçadas. Definitivamente, ainda é necessário evoluir muito para manusear com o lixo. Constato que a maioria dos passo-fundenses não dá a mínima para a separação do lixo. Isso fica óbvio quando abrimos o contêiner azul e encontramos bagaço da cana-de-açúcar que virou caldo e as cascas das laranjas transformadas em suco. Esse material veio de bares ou lancherias e, portanto, deve ser separado na origem e depois colocado no local adequado. E não ficamos apenas no bagaço e cascas que poderiam virar adubo orgânico, pois na lixeira laranja colocam garrafas, plásticos e até panelas. Obviamente isso é pela mais absoluta falta de educação. Além, é claro, dos maus exemplos que atentam contra a convivência harmônica e sustentável. Falta de orientação? Ou falta de punição? Pode ser, mas com absoluta certeza falta apenas vergonha na cara, pois quem age assim é o próprio lixo.
Dúvidas da pulguinha
Às vezes a lógica evapora, por esquecimento ou até mesmo propositadamente. É o caso das famigeradas fake news que proliferam criminosamente. São essas mentiras que invadem mentes incautas e até mesmo corações abertos. Então, a pulguinha atrás da orelha pergunta como isso é permitido? A dúvida da pequenina Siphonaptera encontra respaldo naquilo que vemos, ouvimos e sabemos muito bem. Há pessoas que passam o dia inteiro repassando mentiras, como uma espécie de ‘profissionais’ de uma suposta nova mídia. E tudo sem o mínimo critério ético ou preocupação com as possíveis consequências. Então, surgem novos e plausíveis questionamentos: de onde vêm essas ameaças? Ao que parece essas mensagens fazem parte de um grande jogo ensaiado. Aliás, muito bem planejado e orquestrado. Consequentemente, insufla fanáticos desvairados e a propositada desinformação vai abafando com a lógica. Assim, a curiosa pulguinha também quer saber se não existe a possibilidade de desmantelar essa corja mentirosa? Olha, pela lógica remanescente, tecnologia para isso não falta.
Férias de reencontros
Verão lembra férias. E no período de férias a cidade esvazia, pois muita gente vai para a praia ou outros locais em busca de lazer. Mas essa movimentação tem mão dupla. Se numa via a turma sai da cidade, pela outra também tem gente chegando. São velhos amigos ou familiares que aproveitam as férias para dar uma passadinha por Passo Fundo. Isso provoca gostosos reencontros para matar saudades, relembrar histórias e refortalecer amizades. Rostos que há tempo não víamos, podem reaparecer por aí. As férias que esvaziam as ruas também enchem os corações.
Com todo gás
Há condutas para as quais não encontro justificativa. É o caso de um caminhão que distribui gás que, dia desses, tomou conta da Rua Bento Gonçalves, na subida entre Paissandu e Brasil. Simplesmente colocaram uma bateria de enormes botijões no meio da pista. E o fluxo de veículos que, literalmente, se exploda.
Ratazanas
Os ratos andam a mil nos canteiros da Brasil. Nos últimos dias as ratazanas ficaram bem mais à vontade, saíram das tocas e desfilam sobre a grama. É claro, fazem um lanchinho nas lixeiras e visitam ninhos de passarinhos no alto das árvores. É bom lembrar que no ano passado, após algumas ações pontuais, esses roedores quase desapareceram. Agora voltaram em grande estilo.
Trilha sonora
Big Band do maestro Joan Chamorro com Magalí Datzira – Put Your Head on My Shoulder