OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Se perguntássemos qual o maior serviço secreto do mundo? O jornalista e escritor, Roger Faligot, em 2010, já havia respondido, com o seu aclamado livro O Serviço Secreto Chinês, que à época, segundo o autor, possuía cerca de 2 milhões de espiões. Grande parte desse esforço se resume no que tratamos por aqui como o “soft power”, ou seja, nas palavras de Faligot: “a estratégia de sedução cultural, também descrita sob o nome de soft power (poder de atração), tem um papel inesperado: a difusão dos Institutos Confúcio para a promoção do mandarim e da cultura são um exemplo. Os Jogos Olímpicos, com seu slogan – um mundo, um sonho – em 2008, fazem parte dessa poderosa estratégia”. A China vem promovendo o seu soft power de forma habilidosa e a estratégia certamente ganhará força com o mandato infinito de Xi Jinping, que o alça como um verdadeiro imperador. Se o leitor pesquisar nas fontes abertas: FBI e China, certamente será remetido a uma página oficial, que apresenta a “ameaça chinesa” e a primeira frase dá o tom: “Os esforços de contra-espionagem e espionagem econômica emanados do governo da China e do Partido Comunista Chinês constituem uma grave ameaça ao bem-estar econômico e aos valores democráticos dos Estados Unidos da América”. Há uma tensão entre os EUA e a China, não há nenhuma novidade nisso, principalmente no campo das guerras tecnológicas, como a do 5G, entre outras. As tensões diplomáticas emergem e me refiro aqui a uma das últimas descobertas do FBI, envolvendo a China.

 

 

 

Novas descobertas

 

As descobertas foram divulgadas por um jornal de grande circulação, o The New York Times, recentemente. Um prédio que poderia, para qualquer um, passar despercebido, tornou-se centro das atenções. Imagine uma edificação com pequenos escritórios – de acupunturistas até advogados ou mesmo contadores – sendo que ali, no terceiro andar, descobriu-se um posto avançado de espionagem chinesa com atributos policiais, evidentemente sem qualquer jurisdição ou acreditação diplomática, ou seja, apenas um mecanismo de controle policial da diáspora chinesa. Estima-se que, mundialmente, haveria cerca de cem escritórios como esse. O tema tem intrigado a comunidade de inteligência e até mesmo as autoridades, uma vez que são operações clandestinas de um país em suas contrapartes diplomáticas. A repartição teria uma conotação policial, no sentido de controle de seus nacionais em território estrangeiro – conforme a busca e apreensão realizada há alguns meses e divulgada recentemente. Outros países como o Canadá e a Holanda pediram para que as “delegacias” chinesas fossem demovidas de seus países. A Embaixada chinesa em Washington optou por desviar-se do assunto, informando que as pessoas que ali trabalham são voluntários chineses, para desenvolver tarefas menores e sem pretensões. O The New York Times analisou matérias de mídias chinesas: elas divulgam a eficácia desses escritórios, que com frequência são chamados de centros de serviços policiais no exterior. Algumas reportagens afirmam que os postos avançados chineses “coletam informações de inteligência e resolvem crimes no exterior sem colaboração das autoridades locais”. A recente divulgação dessa descoberta parece reforçar a tese de Roger Faligot, que só irá escalar.

 

  

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