OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A guerra na Ucrânia segue escalando. Ao menos, desde a segunda ofensiva do Kremlin em apenas duas semanas. Após vários meses, parece que os russos conseguiram fazer um novo avanço de suas tropas, na região de Zaporizhia, em meio a pedidos reiterados de Kiev para o envio de novas armas. Moscou fala da possibilidade de um término da guerra caso a Ucrânia concorde com as “novas realidades territoriais russas”, ou seja, entregar o seu território, o que não fará, certamente. Ainda há o temor para uma possível ação conjunta dos russos com a Belarus, uma vez que as forças de Moscou vão perdendo o seu vigor com a resistência ucraniana. A possível grande virada no tabuleiro geopolítico da guerra veio com o anúncio por parte da Alemanha, de seu chanceler, Olaf Sholz – que finalmente liberou o envio dos tanques de batalha Leopard 2. Por parte da Alemanha, havia uma hesitação no envio, com o temor de uma nova escalada. Sholz decidiu pelo envio após a pressão de um grupo de países ligados à OTAN, liderados pela Polônia, que fizeram extensa campanha para o envio do Leopard. Provavelmente, o chanceler alemão esperava que os EUA dessem o primeiro passo, fornecendo os seus conhecidos tanques Abrams. Não basta que Kiev apenas receba os tanques, pois, precisam saber operar a tecnologia, o que poderia levar cerca de 22 semanas. Ao que tudo indica, somando-se ao esforço dos alemães, os EUA finalizam planos para o envio dos tanques Abrams para a Ucrânia. Seriam cerca de 30 tanques. A mesma situação se impõe neste caso, o tempo de treinamento necessário. Poderiam ser enviados também alguns veículos de recuperação, que auxiliam a operação dos tanques no campo de batalha.

 

Uma reviravolta 

O envio dos tanques é uma reviravolta no tabuleiro, já que eles sempre foram tidos como uma solução de longo prazo, devido a necessidade de treinamento excessivo para operar a tecnologia, além disso os tanques Abrams são pesados e caros para manter e operar. Parece que as potências ocidentais estão cruzando uma linha que sempre foi vermelha, com temores de uma nova escalada. A resposta do Kremlin não tardou, de que os tanques alemães e americanos trariam “mais sofrimento” à Ucrânia e “mais tensão ao continente” – informou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Ele também disse que isso não impedirá que os russos atinjam os seus objetivos. Sobre o treinamento, talvez não seja um problema grande para os ucranianos, que operam sistemas avançados como os mísseis Patriot, os tanques ingleses Challenger 2, entre outros. Caso os tanques sejam bem aproveitados, isso significa que a Ucrânia poderá retomar os seus territórios frente à ameaça russa, trazendo uma mudança para o campo de batalha.

 

Desafios 

A importante decisão de enviar tanques avançados à Ucrânia trará consequências. A primeira delas é o quanto as potências ocidentais serão assertivas em manterem as suas posições. A segunda é a forma com que a Rússia responderá, por mais que as suas forças estejam limitadas. Um passo muito importante foi dado, após intensas discussões. Os tanques poderão ser vitais para que Kiev retome os seus territórios, mas a necessidade premente de um extenso treinamento será um desafio significativo, enquanto a Rússia toma novas posições.  

 

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