OPINIÃO

O crime da mentira

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O perigo nos relacionamentos sociais apresenta-se altamente nocivo, mormente quando o grau de torpeza despreza valores básicos de cidadania. A mentira como reforço do rancor contra a própria sensação de fraqueza tem feito estragos na vida particular e coletiva. Às vezes é um julgamento precipitado com efeito deletério e pode parecer apenas leviandade de quem repica mensagem condenatória ou narrativa errada sobre fatos e envolvimento de pessoas que não merecem tais atrevimentos. Recentemente verificamos os efeitos desastrosos das fake News, quer pela descontrolada dose de veneno, quer pela nítida intenção de prejudicar a narrativa das circunstâncias. É a intenção covarde de prejudicar pessoas ou segmentos sociais. A comunicação eletrônica é usada com muita frequência por pessoas que consideramos do bem. Exemplo é o trabalho da imprensa denunciando o abandono do estado à proteção da comunidade indígena Yanomamis. Diante de omissões criminosas, os jornalistas vencem toda a dificuldade para revelar a verdade dramática dos povos indígenas. O quadro de horror constatado é mostrado na imprensa, denunciando omissões e possibilidade do crime de extermínio dos guardiões de rios e florestas. Pois é! Gente importante, com desejo cego de defender autores do genocídio dos nativos, lança versões escabrosas sobre a informação da imprensa séria. Tentam justificar políticas injustas de desprezo ao ser humano. Imaginem só a mentira. Espalham o desplante dizendo que as crianças doentes, debilitadas, esquecidas e perseguidas pela máfia dos garimpeiros ilegais, são restos moribundos venezuelanos. E nada comprovam.

Tudo isso para defender uma política de estado condenável que pode ser atribuída aos fanáticos e seus líderes do governo passado. Uma série de cometimentos denunciados que comprometem seriamente autoridades que tinham a obrigação intransferível de prestar socorro à comunidade indígena. E mais, apontamentos terríveis oferecem indícios de desvio de recursos de uma Ong ligada a lideranças evangélicas. E ficam desrespeitando o jornalismo na revelação do genocídio. Fazem acusações esdrúxulas e mentirosas para embaçar a verdade que compromete período de flagrante injustiça social. E continuam desafiando com mentiras inflamadas. O observador social da literatura romana Horácio, alertou: “est proprium stutitiae, vitia eorum cernere, oblivisci suorum” (é próprio dos estultos observar os defeitos alheios, mas não querem enxergar os seus). O governador de Roraima também conta uma versão de cunho reducionista, dizendo que há miséria e doença em vários segmentos indígenas. O pior é que tenta aliviar os garimpeiros que vandalizam a natureza e repelem ecologistas com armas. A exploração do ouro para o nobre mandatário parece justificar tudo. A existência dos grupos armados, as drogas, a destruição das matas e envenenamento dos rios, vem sendo relevado pelo pensamento político do governador de Boa Vista. Isso é muito grave e indica conluio para favorecer os exploradores do garimpo irregular. Insinua um garimpo saudável. Está no rolo do aviltamento desumano.

 

A tal leniência

O estranho formato absorvido por setores militares, sendo brandos com a concentração defronte os quarteis realmente merece ser investigado. Seria leniência com os acampamentos, relevando a contestação ridícula contra as instituições democráticas e o resultado legítimo das urnas. A inteligência do Exército, certamente sabia o que estava acontecendo. Soldados da segurança, em Brasília, além de não prestar atenção nos movimentos da turba furiosa, deixou refestelarem-se agentes de segurança com membros da horda que invadiu a sede dos poderes. Tudo tem que ser investigado, mesmo que demore um pouco.

 

Judiciário

Possivelmente os golpistas não contavam com a ação enérgica do Judiciário, que foi muito fraco na derrocada democrática de 64. Naquele momento a ditadura perseguia ferozmente advogados, jornalistas e líderes religiosos. Pouco se falava no Judiciário, que recebia ordens do comando militar, aposentando ministros em comunicado na Voz do Brasil. Isso mudou e o Supremo ergue-se em favor da constituição e democracia, com coragem cumprindo dever de respeitar os poderes constituídos. O judiciário, STF e TSE jamais tiveram atuação tão firme e republicana.

 

 

 

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