OPINIÃO

Forças pela democracia

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A simples presença das forças oficiais do Exército mobilizadas na tarefa dramática de garantir a segurança de vida dos yanomamis indica afirmação positiva da missão constitucional do estado brasileiro. A competência logística, na mobilização dos recursos humanos, o transporte de estrutura de saúde, enfim, o apoio à emergência no socorro às vítimas da tragédia humanitária que aflige a população nativa de Roraima é importante papel na pacificação pela ordem constitucional. A forma ardilosa e sub-reptícia, que insistia em subverter a finalidade do Exército, e envolver a instituição na onda negacionista contra o resultado eleitoral perdeu forças. A investigação está mostrando que os deslises foram insignificante e nunca representaram nosso honrado exército. Hoje não há mais ambiente para a formação de acampamentos sustentados em propósitos antidemocráticos defronte os quarteis. Os atentados à sede dos poderes da República, criminosos e execráveis, restam como intentona malsinada à democracia e dignidade da pátria. O envolvimento de poucos indisciplinados que aderiram ao clima de anomia em desrespeito à ordem, nunca vingou. Foram adesões veladas e esparsas sem qualquer representatividade nas forças armadas. A atitude tíbia de Antônio Denarium, governador de Roraima, tentando minimizar a terrível realidade da crise humanitária indígena em comprometedora leniência à invasão dos garimpos ilegais, passa a ser matéria de investigação policial. Fernando Gabeira em rede social relata que o pensamento do ex-presidente Bolsonaro, quando ainda deputado federal, era de abandono da proteção às tribos indígenas. O ex-presidente propunha extinguir as ordens de demarcação de áreas de preservação aos índios editadas do governo Collor. O embate para afastar o retrocesso foi duro, diante da força parlamentar da época na bancada ruralista. O propósito dos grandes proprietários era e é ampliar indiscriminadamente devastação das matas. Essa política de abandono à causa ambientalista e respaldo à cultura indígena não era novidade. A imprensa noticia a situação absurda nas condições de vida em Roraima. A polícia federal investiga em torno de 30 casos de estupro de menores indígenas, praticados por garimpeiros ilegais. O estrago da opressão, que vem de longe, chegou ao estado de extermínio dos nativos, corrupção no fornecimento de remédios, desvio de recursos públicos, e violência psicológica. As forças oficiais estão cercando instalações de garimpeiros ilegais que formam um contingente de vinte mil. Os esbulhadores estão fugindo, escondendo forte armamento e concentração de mercúrio que envenena os rios. Há muito que fazer nas reservas yanomamis.

 

Fumaça

Além dos depredadores, incendiários e pistoleiros alucinados contra a democracia, surge agora o senador Marcos R. do Val. Após acenar com anúncio bombástico de trama golpista envolvendo Bolsonaro, do Val desmente a si mesmo aviltando a alta prerrogativa parlamentar. Cria cortina de fumaça para desconcentrar a vigilância em Bolsonaro, acossado pela possibilidade de indiciamento, mesmo em rota de fuga. Muito grave a mentira de quem exerce cargo da relevância de senador. Ludibriando a fé pública ele é visto sob o crivo conhecido como “mentira tem perna curta”. Ou a advertência que remonta do Império Romano, “mendacem ne verum quidam dicet, creditur” (o mentiroso não merece crédito nem quando diz a verdade). Contudo está gastando o tempo da investigação policial. Consegue, de algum modo, sua almejada cortina de fumaça.

 

Glória Maria

A competente jornalista Glória Maria, ao deixar esta vida deixa-nos exemplo de esplendor profissionalismo. Com seu talento superou os preconceitos racistas que eram maiores no início de sua carreira. Ficamos com seu testemunho de elevada estima pessoal e irredutível presença na luta desigual que aflige a mediocridade humana estigmatizada na cor da pele. Forte e brilhante, fez de sua vivência a glória estendida a todos nós, no sentido da igualdade saneadora da consciência social. Quanto brilho, quanta crença na evolução da comunidade brasileira! Sua vontade indômita e devoção à cultura sempre com um sorriso sincero na arte de viver olhando para o semelhante. É uma saudade do bem que fez na sua existência.

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