A narrativa de Jorge Salton “Adoeci ao Atender Pessoas Torturadas – TEPT Secundário”, através do Facebook, é uma das mais severas e acreditadas manifestações sobre o horror da ditadura de 64 no Brasil. O texto é breve mas dotado de enorme capacidade na comunicação literária. Revela sua atuação de renomado médico psiquiatra que devotou dez anos de sua atividade à missão de atender pessoa vítimas de tortura. Casos de pacientes atendidos, que sobreviveram à ação criminosa estimulada e prodigamente sustentada com recursos públicos de uma gestão que se apoderou do Estado. Os instrumentais da ditadura perseguiam indiscriminadamente pessoas indigitadas pela polícia estatal, contra todas as normas dos direitos humanos. Torturadores eram vezeiros da morte ou mutilações físicas com sequelas gravíssimas e devastadoras na estrutura pessoal psicológica. Obviamente, a brutal sequência de atos violentos contra a pessoa era executada por psicopatas sádicos. O que se torna mais tocante no documentário do Dr. Jorge Salton é a tarefa de cura dos mutilados no corpo e na alma. Essa assistência médica era mantida discretamente, diante da ameaça feroz dos algozes instalados no poder. Socorrer os mutilados certamente exigia exaustivamente coragem moral, enfim, o brio e forte ardor na compaixão por aquela gente. Com a própria segurança em jogo, socorrer os sofredores da injustiça, certamente afetava a estrutura humana do médico. A manifestação do conceituado médico e douto psiquiatra leva-nos a constatar a existência de pessoas, profissionais da ciência, que registram vivência de valor incontestável. Fazer o bem exige doação e renúncia! Por isso, mais do que o libelo documental, é apelo à consciência cidadã, do respeito à vida. Os anais da vida literária de Passo Fundo têm um registro sólido de elevado valor humanitário. Uma doação real para fortalecer esperanças. Todas as ditaduras induzem o desrespeito. A democracia, mesmo com suas imperfeições, dá oportunidade ao diálogo para corrigir injustiça social. Enfim, ditadura nunca mais!
Castro Alves
No seu clamor, o poeta condoreiro clama contra o uso do poder político contra a liberdade e bem-estar da pátria: “E existe um povo que a bandeira empresta/ pra cobrir tanta infâmia e cobardia!.../E deixa-a transformar-se nessa festa/ em manto impuro de bacante fria!.../ Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta, / que impudente na gávea tripudia?!.../ Silêncio!...Musa! chora, mas chora tanto/ que o pavilhão se lave no teu pranto...”
Suplício coletivo
O governo passado não apenas se omitiu, mas cometeu erros que sabia suplício coletivo. Tal é o caso da vacina para combater a pandemia. Apregoando o negacionismo exercitou a forma cínica de gestão contra evidências científicas de socorro ao povo. A zombaria presidencial e disparates contra as cautelas de saúde pública resultaram no aumento da dor dos brasileiros. O método de subordinação das massas pelo próprio caos agravado na pandemia, causou danos irreparáveis. Um dos fatores é a desativação dos programas vacinais. Recompor isso vai custar muito, depois de tantos ataques negacionistas.
Orientação
A ideia exposta pelo presidente Lula de reconstruir a paz social mesmo com a divisão no resultado eleitoral, passa por medidas urgentes. Uma delas é agregar a comunidade em favor da consciência educacional para a prevenção da saúde. As campanhas comunitárias e orientação do estado precisa de núcleos de vilas e entidades rurais. Temos que voltar à vacinação. É uma obra coletiva, de segmentos sociais, religiões, forças políticas e ânimo de gestão. A nova ministra da saúde parece ser liderança adequada a esta prioridade.
Minuta golpista
A justiça pública negou o pedido da defesa, nas investigações do ex-ministro da Justiça para excluir dos autos o texto do decreto, apócrifo, de cunho golpista. As circunstâncias de crimes tentados e materializados contra o poder público e a dignidade das instituições basilares da nação explicam o procedimento. A aceitação tácita e explícita do golpe é notória. A investigação policial poderá elucidar melhor tudo isso.