OPINIÃO

Conjuntura Internacional

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A guerra na Ucrânia completa um ano, sem indicativos de qualquer armistício ou acordo de paz, na iminência de novas ofensivas por parte de Moscou. Após décadas sem um conflito maior, a guerra que bateu na porta da Europa não trouxe qualquer novidade em termos militares, sendo um empreendimento de expansão territorial, em pleno século XXI, ainda imersos em fantasias soviéticas. Drasticamente, até aqui, milhares de pessoas, dos dois lados, foram mortas. Observamos uma das maiores crises de refugiados no mundo, bem como o repentino aumento do custo energético, que obrigou a Europa a repensar as suas matrizes de energia, aumentando o custo para o consumidor final, em meio ao aumento inflacionário perceptível em larga escala. O campo de batalha foi uma surpresa. A resistência ucraniana prevaleceu ao sistemático exército russo, que não previu com precisão o que poderia ocorrer, achando que seria fácil capitular Kiev. A ajuda militar ocidental robusteceu ainda mais a Ucrânia, que tem impedido, neste ano inteiro, grandes avanços russos no tabuleiro. Putin, com a sua aventura militar, fortaleceu a OTAN e a União Europeia, promovendo a adesão ucraniana no bloco. Biden, em visita surpresa a Kiev, fez forte discurso ao lado de Zelensky, prometendo mais ajuda militar, possivelmente com mísseis de longo alcance. Enquanto isso, o governo americano considera a possibilidade de Putin ter tentado lançar um míssil balístico intercontinental, que provavelmente falhou – durante a passagem de Biden em Kiev. Os indícios apontam a possibilidade de novas ofensivas russas, terrestres e aéreas, no meio do anúncio de saída do Tratado Nuclear START, por parte da Rússia – que agora ficará fora da fiscalização habitual que o tratado previa, embalado pelas narrativas nucleares de Putin.

 

Variável China 

Para a China, observar o conflito tem sido uma oportunidade única para estudar a guerra moderna, principalmente no que toca a questão de Taiwan (com hipotética incursão chinesa). A China parece ser uma das variáveis mais importantes no momento, ainda mais com o anúncio de um possível plano de paz intermediado por Pequim, ainda sem mais informações. Outra questão que tem surgido seria o apoio militar chinês aos russos, o que escalaria o conflito severamente, dividindo o mundo entre EUA e aliados X China/Rússia. Assim, seria pouco provável um avanço desse tipo, uma vez que a postura chinesa tem sido mais de observação, em que pese os países terem firmado a sua “parceria sem limites”. A China certamente não irá para qualquer confronto direto, na medida em que precisa de estabilidade mundial para avançar os seus planos ambiciosos de projeção econômica.

 

Cenários 

O mais provável é que essa guerra de atrito continue sua longa jornada, enquanto a Ucrânia espera ansiosamente mais munição e mísseis de longo alcance, bem como os jatos, que fariam diferença no campo de batalha. Do outro lado são esperadas novas ofensivas terrestres e aéreas. O posicionamento chinês será o mais importante a esta altura: ou por acordo de paz, ou por ajuda militar a Moscou – ambas ações teriam repercussões importantes. Putin vai persistir em sua narrativa fantasiosa de que já é vencedor. Zelensky continuará resistindo. A ajuda militar não vai cessar. A China deverá marcar alguma posição, mesmo que neutra.

  

 

Gostou? Compartilhe