Um país em instabilidade política, infiltração russa e que faz fronteira com a Ucrânia, perto de Odessa, um ponto estratégico para os russos avançarem por outro flanco. Estamos falando da Moldávia, uma peça importante que se soma no tabuleiro geopolítico da guerra. O país tem recebido o apoio ocidental, ao ponto de Biden chamar a nova Primeira-ministra moldava, Maia Sandu, para uma reunião da OTAN, mesmo o país não sendo membro da instituição. O espaço aéreo da Moldávia chegou a ser fechado em um dia, devido ao sobrevoo de um drone russo. A preocupação maior emergiu com a anulação, por parte de Putin, de um decreto que resguardava a soberania da Moldávia. Zelensky chegou a afirmar que Moscou estaria forçando a saída de Sandu, que apoia a possível adesão moldava ao bloco europeu. A situação do país é de instabilidade política e econômica, com a inflação nas alturas, corte do fornecimento de gás, cerca de 30%, advindo da Rússia, também teve cortes de energia devido à guerra na Ucrânia. Em fevereiro, inclusive por pressão russa, a Primeira-ministra, Natalia Gavrilita, renunciou ao cargo, dando espaço para Sandu. Um dos reflexos da crise de refugiados causada pela guerra, sobrecarregou os serviços públicos da cidade. Putin tem aproveitado o momento delicado para desestabilizar ainda mais o país, com as técnicas soviéticas, no intuito de minar uma nação ocidental e pró-europeia, tudo que Moscou abomina. Com a dissolução da União Soviética, os separatistas russos, na Moldávia, foram responsáveis por uma guerra de meses, que resultou com as forças pró-russas governando a Transnístria, território no leste do país, controlado pelos russos.
Transnístria
Logo, a Transnístria passou a ser um ativo estratégico para Putin. Ela integra uma posição ao leste, em estreita faixa de terra, que declarou a sua independência de forma unilateral em 1990. Na região há um dos maiores depósitos soviéticos de armas na Europa, com cerca de 20 mil toneladas de munição, na província de Cobasna. A promessa feita pela Rússia em 1999, de retirar as armas e tropas, nunca foi cumprida. Cerca de 2 mil soldados de Moscou estão abrigados na região. A Transnístria poderia ser um ponto avançado, dada a sua posição fronteiriça com a Ucrânia, para abertura de um flanco ocidental, que chegaria em uma região estratégica na Ucrânia, Odessa.
Cenários
Pela posição constitucional neutra da Moldávia, as suas forças armadas são inexpressivas. A Alemanha entregou, há algumas semanas, veículos blindados ao país. Em um cenário de conflito a partir das forças pró-russas, na Transnístria, a Moldávia enfrentaria muita dificuldade. As técnicas de Putin se repetem, como ocorreu com a Ucrânia, Moscou tem usado infiltrados no país, para criar desordem e agitação. No momento, proliferam manifestações pró-Rússia pelo país. A anulação do decreto por Putin traz preocupação, mas não garante nova ofensiva. As técnicas usadas antes de anexar a Crimeia e de iniciar a guerra com a Ucrânia se repetem agora na Moldávia. Uma incursão russa poderia chegar em Odessa, na Ucrânia, abrindo um flanco na parte oeste e uma comunicação com a Transnístria. Isso demandaria recursos militares, que talvez a Rússia não tenha no momento. Mas a desestabilização do país seguirá, com potencial de escalar a tensão na região.