Desde que começou a desdobrar uma nova abordagem perante a política internacional, com objetivo expansionista, projetando a sua marinha de guerra para navegação em águas internacionais, a diplomacia chinesa vem enfrentando mudanças. O cenário cultural no país também teve o seu papel de influência. Na indústria cinematográfica, os chineses fizeram uma cópia de Rambo, com adaptações. Trata-se do Wolf Warrior (O Lobo Guerreiro), onde o ator chinês, na segunda edição do filme, parte para uma cruzada contra o mundo. O slogan do filme é: "quem atacar a China será morto, não importa a que distância o alvo esteja". Assim, cunhou-se na política internacional um novo termo, Wolf Warrior Diplomacy (A Diplomacia do Lobo Guerreiro), eminentemente agressiva e confrontacional, rompendo com a tradição diplomática chinesa de maior resguardo nas relações internacionais. Hoje, a China tem um avançado programa nuclear, a maior marinha de guerra do mundo e mísseis hipersônicos, com o segundo maior orçamento militar, no mundo. Quer dominar o Mar do Sul da China e possui pretensões com Taiwan, organizando repetidamente exercícios militares, invadindo o espaço aéreo da ilha. O ministro de defesa de Taiwan informou que a ilha não permitirá “repetidas provocações” por parte dos chineses, em manifestação recente. A China considera que Taiwan faz parte de seu território, sendo, portanto, uma questão de política doméstica – assim como Putin, que considera a Ucrânia território russo. Todavia, em termos de estratégias, os chineses são mais inteligentes.
Confronto
Chamou atenção a recente manifestação de Qin Gang, o atual ministro das Relações Exteriores da China, que afirmou que se não houver “mudança de atitude” por parte dos EUA, algum tipo de conflito seria iminente. Os EUA e a China estariam caminhando para “conflito e confronto”. O tom agressivo emerge em momento de grande tensão entre as potências. Xi Jinping, também recentemente, afirmou que os EUA e as potências ocidentais estão fazendo uma “contenção” ao crescimento chinês. As manifestações seguem os últimos acontecimentos nas águas perigosas do Mar do Sul China e a aproximação, cada vez maior, de Washington com Taiwan. Os EUA estão colocando bases avançadas nas Filipinas, na medida em que Pequim tenta dominar todo o Mar do Sul, com pretensões expansionistas e não embasadas no direito internacional. Já houve conflitos entre embarcações americanas e chinesas, em uma das zonas com maior tráfego comercial, no mundo. Ao fincar as suas bandeiras nas Filipinas, os EUA conseguem estabelecer parte de um arco de contenção ao avanço chinês, levando em conta os seus demais aliados na região, preocupados também com a projeção de Pequim. O Mar do Sul da China possui forte potencial para ser o estopim de um conflito maior, envolvendo China e EUA.
Orçamento
O orçamento militar chinês terá um acréscimo, neste ano, de 7,2%. A decisão foi tomada no Congresso Nacional do Povo, em sua sessão anual. Trata-se da maior elevação desde 2019. O aumento decorre das pretensões chinesas, principalmente com Taiwan. O primeiro-ministro Li Kequiang também pediu que as forças armadas estejam “em prontidão de combate”. No mesmo congresso, é esperado que os chineses aprovem a reeleição de Xi Jinping.