Orgulho
O orgulho é necessário. A expressão tem múltiplos significados que vão da dignidade à soberba. Com muito orgulho, respeitamos o meio onde vivemos, com quem convivemos e o passado que ergueu uma cidade. Temos orgulho do que somos e daquilo que nos cerca. Esse orgulho é necessário para rechaçar aproveitadores das orgulhosas e incautas vaidades pessoais. O orgulho de quem sabe onde pisa é necessário para evitar que o orgulho da ostentação engula o orgulho do amor-próprio. Orgulhos fantasiosos podem cair de paraquedas, rotulados por supostas importâncias megalômanas, para engambelar orgulhos pretenciosos. São forasteiros, tais quais os espanhóis que carregaram o ouro das Américas. Na invasão do Brasil, em 1.500, não foi diferente e o brilho de um espelhinho fez o ouro reluzir em Portugal. Orgulhosos, os invasores atropelaram o orgulho próprio de quem por aqui já estava.
O espelhinho parece mágico e atemporal. Alimenta o orgulho da vaidade para carregar o ouro da terra invadida. E, como não há reação do orgulho local, parece que o amor próprio coletivo evaporou. Ora, com o terreno já prospectado, isso significa porteiras abertas para novas incursões em busca de mais ouro. Já que não houve orgulho inicial para contenção, os invasores contam com uma estratégica cabeça de praia. O brilho do espelhinho já não é mais o mesmo e diminui a carga do Pix - a caravela de agora. Então, mais uma vez o nosso orgulho é bombardeado e abrem-se novos espaços para os vendedores do orgulho das quinquilharias. Como na chegada de Cabral ao Brasil, a falta de orgulho ainda faz com que alguns se curvem para os usurpadores que, obviamente, chegam em busca de mais ouro. Falta orgulho. Orgulho também é defesa. Ah, digo isso com muito orgulho.
Na ponta do lápis
Não importa qual ou onde, a privatização é sempre polêmica. No caso do Aeroporto Lauro Kortz, fico com uma pulga atrás da orelha. A intenção foi divulgada ainda em 2021, durante as obras de melhorias. Em seguida, contrataram a Infraero, que perdeu aeroportos para a privatização. Ora, o Estado paga mais de R$ 250 mil mensais à Infraero. Além disso, há outras despesas e quem arrematar terá o ônus de investir mais de R$ 1 milhão por ano em melhorias. De onde virá a grana? Ora, o investidor colocará na ponta do lápis o que vai arrecadar com pousos e decolagens, taxas de embarques e locação de espaços. Será que cobre toda as despesas e garante os recursos para as melhorias? Exceto, é claro, que haja alguma proposta engatilhada para alguém levar algum tipo de vantagem. E, como aeroporto é pepino dos grandes, aconteça o que acontecer e todos ainda aplaudirão. Mas, por via das dúvidas, é bom ficar com um olho no gato, outro na sardinha e a glândula pineal ligada. A euforia pode ser prenúncio de alforria.
Refil
Antigamente conhecido como carga ou recarga, o refil está nas prateleiras dos supermercados dos alimentos aos materiais de limpeza. É uma maneira para economizar, evitar desperdícios, descartes de embalagens e outras vantagens. Dito isso, também vejo o outro lado da moeda ou, nesse caso, do sachê. O manuseio exige muita destreza, pois qualquer deslize e a economia se vai ralo abaixo. No meu caso, o problema é com o refil de desengordurante de cozinha. Troco o corte do pacotinho ou o ângulo para despejar, porém sempre derrama por fora. Até comemoro quando consigo 80% de aproveitamento. Um dia ainda atinjo aos 100%.
Cargos
Quando observo o pessoal da mesma turma brigando entre si, lembro-me dos anos 1970. Foi quando a briga interna por cargos era tão grande que formou a Arena 1 e a Arena 2. Brigavam mais entre eles do que com a oposição. Apenas por interesses ideológicos, obviamente.
Não confunda...
... ações contra o tráfico com ações contra o tráfego.
... aviões de carreira com os aviõezinhos às carreiras.
Partidos
Existem partidos políticos que são como fita adesiva dupla-face. Aderem para os dois lados com muita facilidade e ampla absorção de interesses.
Trilha sonora
De Chico Buarque e Sivuca, com Yamandu Costa e Dominguinhos: João e Maria