São 27 nos que nos separam do massacre de Eldorado dos Carajás. Foram mortos 21 camponeses ativistas do movimento pela reforma agrária. Os defensores do direito à partilha da terra consagram o evento como dia de debate pela terra. Percebe-se que sobrevive ao longo de décadas o ideal, que encontra respaldo na constituição como forma efetiva e carregada de utopia de equilíbrio no uso da terra como meio de subsistência entre os pequenos e mini produtores. Na realidade esses movimentos, mais ou menos radicais, não pertencem a partidos. Embora a frente de esquerda tenha erguido a bandeira da reforma agrária. A questão está na crista das atenções sobre o desenvolvimento social. O que perturba as ações organizadas são experiências radicais. De um lado o ânimo esticado dos sem-terra em conseguir novas áreas para produzir. De outro, a organização de defesa da propriedade rural, especialmente grandes áreas. Antes de se apreciar razões de legitimidade dos anseios deste embate, é preciso alertarmos para o ódio descomedido que prejudica a evolução pelo diálogo, que pende muito de políticas públicas e visão mais avançada dos grandes proprietários que ainda mantêm a visão oligárquica sedimentada pelos séculos de escravidão. Em locais do país, onde é precária a ação estatal capaz de orientar os contrapesos entre poderosos e postulantes ao acesso à terra, permanece incólume a força, uso de armas e pressão implacável contra movimentos de sem-terra. É claro que alguns postulantes da reforma são levados a provocações ilegais e violentas. No momento em que os estigmas de ambas as partes são contaminados por violência e rancor, perecem as razões e crescem os destemperos sociais. Ódio e violência. Os casos concretos de invasão e ocupação não podem ver apenas um lado das coisas. A constatação histórica de ilegitimidade entre os poderosos, donos ou possuidores de extensas glebas, precisa de revisão. Mas o direito à propriedade rural, legalmente constituído e mantido, é também legitimamente defendido. Há vasto contexto sobre a propriedade rural, como a grilagem. Há o pragmatismo contra movimentos de salvaguarda étnica, ambiental que vem atormentando ribeirinhos, quilombos e índios guardiões de reservas. Por outro lado, o extremismo reivindicante extrapola os limites da manifestação democrática e prega atos de violência, tornando circunstâncias que sublevam protestos por falta de áreas aos camponeses, na vala da ilegalidade. A irresponsabilidade de alguns líderes campesinos derruba pontes de diálogo. O desgaste dos movimentos atinge até os mais ponderados. A correlação de forças dos fazendeiros em relação aos invasores é imensamente desproporcional. Grandes proprietários aderiram ao reforço armamentista, inclusive instigados pela sanha armamentista do governo Bolsonaro. O massacre, mesmo reconhecendo os meios previstos para defender a propriedade, sua posse, corre o risco de violência, como no abominável de Eldorado dos Carajás. A ação do Estado, com a provocação do Judiciário e forças policiais, é o caminho para solução dos impasses. O governo precisa ver recursos para a reforma agrária de produção e desenvolvimento social, para evitar violência.
Autocracia
Embora a tendência conservadora ou direitista, predominante em Israel, as árduas experiências do povo judeu estão alertas contra a intenção de autoritarismo de Benjamin Netanyahu. Mesmo entre conservadores e o próprio exército israelense, o projeto de Benjamin é tido como ofensiva de autocracia. Ademais, o povo está bradando nas ruas contra a proposta insistente de redução do poder judiciário. É assim que o pensamento ditatorial faz. Ataca a independência entre poderes. No caso, o mandatário de Israel quer eliminar a atuação judicial que cobra dele responsabilidades ou atos de corrupção. Então, mesmo no campo conservador há vigilância pela democracia.
Escola Yamandu
É justo felicitar a iniciativa oficial de Passo Fundo em receber o projeto da Escola de Música Yamandu Costa. A ideia vem repleta de afeto, arte e cultura, apadrinhada por artista filho desta terra.