OPINIÃO

Teclando - 26/04/2023

Siglas e nomes mutantes

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Siglas e nomes mutantes

As abreviaturas estão em alta, ganham espaço na mídia e na linguagem coloquial. É claro que a internet, especialmente pelas redes sociais, propiciou a facilidade para diminuir palavras. Isso traz vantagens na agilidade, mas prejudica o discernimento e esfacela a já tão sofrida última flor do Lácio. Porém, as abreviaturas estão próximas das siglas que são verdadeiros apelidos para a maioria das instituições. Vivemos cercados de siglas. Para sobreviver entre as abreviaturas oficiais e paralelas, somos obrigados a decorá-las sob o risco de perdermos a interatividade social. As siglas brotam naturalmente ao mesmo instante em que surge um novo serviço público.

Elas sofrem o fenômeno da multiplicação, pois a sigla de uma instituição gera as siglas subsequentes para as suas divisões, subdivisões e departamentos. Antigamente era Polícia, Brigada e ponto final. Agora temos a multiplicação dos nomes das delegacias, batalhões e pelotões. Tudo, é claro, abreviado. Posto de Saúde virou CAIS, enquanto as escolas carregam pomposas abreviaturas antes do nome. Não faltam as novas siglas para documentos, formulários e protocolos. E lá borbulham alguns neurônios para armazenar mais algumas letrinhas. O agravante nisso tudo é que essa progressão aritmética se transforma em geométrica com as intermináveis mudanças institucionais. Aquilo que há pouco mudou já não é mais o que foi.

Quando não desmembram novos ministérios, antigos são incorporados aos outros. Ora, isso exige novas autarquias que, obviamente, já nascem com as respectivas siglas, criam novos protocolos que geram novos documentos e mais siglas. Além das siglas vigentes, temos siglas emergentes, em desuso ou extintas. Entre siglas até tropeçamos nas letrinhas, mas carregamos essas abreviaturas por toda a vida. Há até a cronologia das siglas, como na mistura da saúde com a previdência: SAMDU, INPS, INAMPS, INSS... E a papelada? Ocorrência policial virou BO, carteira do trabalho CTPS, firma CNPJ e fulano CPF. Temos DARF, CNH, CLT, CPI e todas as permutações que o alfabeto permite. Assim, enquanto nascem siglas, meus neurônios sofrem e podem parar na UTI. Ou seria no CTI?

Supermercados

Pois não é que os supermercados de Passo Fundo fecharam as suas portas no feriado de Tiradentes? A homenagem à família da Silva Xavier pegou muita gente de surpresa, pois há poucos dias fecharam na Páscoa. É óbvio que a legislação trabalhista deve ser respeitada, porém não podem ocorrer essas mudanças abruptas. Em tributo a Tiradentes, a medida colocou na forca muitos clientes vindos da região, dos quais uma boa parte pode riscar Passo Fundo da sua agenda de feriados. Discussões e acordos não podem gerar indecisões. E, repito, dentro da lei, Passo Fundo não pode ter portas fechadas, pois essa postura não condiz com a sua condição de Gigante do Norte.

Barulho

No combate à poluição sonora a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Batalhão Ambiental, Bike Patrulha e Promotoria de Justiça Especializada realizam um excelente trabalho em Passo Fundo. Porém, para acabar com o uso indevido de alto-falantes nas lojas, ainda falta o engajamento da outra ponta. Mesmo orientados pelos fiscais, alguns persistem com a barulheira no centro da cidade. E sorrateiramente, ligam as caixas aos sábados e fora do horário habitual da fiscalização. Um barulhento cartão sonoro que não combina com o status de Capital da Literatura.

Aquela plaquinha

Lembram sobre aquela placa de trânsito, na esquina da Brasil com a General Netto que um motorista irresponsável destruiu? Sim, a placa indicando que é proibido dobrar à esquerda para quem vem do Boqueirão em frente ao Clube Comercial. O atropelamento da plaquinha ocorreu em 2019 e, certamente, o motorista não cobriu o prejuízo causado. Porém, até agora, a plaquinha ainda não foi reposta e a sua ausência pode provocar um acidente. É comum observar motoristas de outras cidades fazendo a conversão no cruzamento, pois não há nenhum indicativo de que seria proibido. Volta, plaquinha, volta.

Estopim

Enquanto o estopim aguarda por uma fagulha, a múltipla ansiedade paira sobre a cidade. A expectativa da maioria é grande, mas também há forte angústia para outros. A inquietude e a apreensão podem ser indícios de culpa. Mas, entre cogitações, certezas, incertezas e probabilidades, entra em cena o fator surpresa. E aí a incógnita exige equações compostas de quarto grau. Mas vai explodir!

Trilha sonora

A cantora francesa Isabelle Geffroy, mais conhecida como Zaz – Je Veux


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