A Igreja celebra a solenidade da “Ascenção do Senhor” e no mesmo dia convida para o “Dia Mundial das Comunicações Sociais”. Dois temas que se encontram pois Jesus ordenou aos discípulos: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, (...), e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei” (Mateus 28,16-20). O lema desta 57º edição é “Fala com o coração. Testemunhando a verdade no amor” (Efésios 4,15).
A Ascenção de Jesus é descrita de uma forma muito sóbria, nada espetacular como a curiosidade humana desejaria. Toda descrição apresentada em Atos dos Apóstolos 1,1-11 desenvolve-se com o objetivo de levar a fé em Jesus Cristo, compreender o seu caminho rumo ao Pai e, consequentemente, sobre a meta e o sentido do caminhar do cristão neste mundo. O significado de uma existência se compreende pela sua finalidade, pelo seu ponto de chegada. A ascensão é um raio de luz que ilumina todo percurso de Jesus. Todo a vida de Jesus é descrita pelo seu caminhar consciente, constante e responsável. Sabia onde queria chegar, que deveria passar por Jerusalém para sofrer a morte, até chegar à verdadeira meta final que era o Pai. A Profissão de Fé cristã diz: “subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso”.
Os discípulos ficaram olhando para alto depois de Jesus ser elevado entre nuvens. Uma atitude que poderia fazê-los esquecer da vida cotidiana, por isso são alertados: “Porque ficais aqui, parados, olhando para o céu?” O cristão não foge do mundo, nem despreza as realidades materiais. O olhar fixo em Jesus, como meta final da vida do cristão viajante por este mundo, permite que não se acomode com as realidades terrestres e viva na esperança da vida eterna. O cristão caminha, não sozinho, pois Jesus disse: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Jesus enviou os discípulos ao mundo comunicar o que aprenderam. A forma de comunicar é muito importante. Extraio algumas passagens da mensagem do Papa Francisco para o LVII Dia Mundial das Comunicações Sociais. É importante ler a mensagem na íntegra. São ensinamentos destinados para quem anuncia o Evangelho e para todos as formas de comunicação na sociedade.
“Depois de ter refletido (...) sobre os verbos «ir e ver» e «escutar» como condição necessária para uma boa comunicação, (...) gostaria de me deter sobre o «falar com o coração». Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora. Após o nosso treino na escuta, que requer saber esperar e paciência, e o treino na renúncia a impor em detrimento dos outros o nosso ponto de vista, podemos entrar na dinâmica do diálogo e da partilha que é, em concreto, comunicar cordialmente. E, se escutarmos o outro com coração puro, conseguiremos também falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15)”.
“Comunicar cordialmente quer dizer que a pessoa que nos lê ou escuta é levada a deduzir a nossa participação nas alegrias e receios, nas esperanças e sofrimentos das mulheres e homens do nosso tempo. Quem assim fala, ama o outro, pois preocupa-se com ele e salvaguarda a sua liberdade, sem a violar”.
“Que o Senhor Jesus, Palavra pura que brota do coração do Pai, nos ajude a tornar a nossa comunicação livre, limpa e cordial. (...) nos ajude a colocar-nos à escuta do palpitar dos corações, para nos reconhecermos como irmãos e irmãs e desativarmos a hostilidade que divide. (...) nos ajude a dizer a verdade no amor, para nos sentirmos guardiões uns dos outros”.
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo