OPINIÃO

Teclando - 24/05/2023

Éramos racistas e não sabíamos

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Éramos racistas e não sabíamos

No marcante período da minha infância à adolescência, convivi com o racismo e, involuntariamente, até agi como racista. Injúria? Não, por favor, chega de eufemismos. Nasci em Erechim, colônia italiana, época em que o racismo era explícito. No antigo campo do Ypiranga o exemplo vinha do alambrado, onde os pretos eram chamados de pastel de tigre, que os “gringos” pronunciavam “trigue”. Nós, piazada, repetíamos em coro, pois xingar o adversário seria o normal. Mal sabíamos que o racismo passava escamoteado pela muleta da rivalidade clubística. E no campo do Atlântico era bem pior!

Não gosto da expressão bullying, então digo que sofri com a hostilidade. O meu último sobrenome é Santos e gerou expressões preconceituosas como ‘negri’, ‘scorsi’ etc. Foi lá por 1970/76. Sim, o homem já havia pisado na Lua, a TV era em cores, a Varig voava com Boeing, The Beatles terminou, já tínhamos assistido James Bond, Butch Cassidy e o Poderoso Chefão. Mas a intolerância aos sobrenomes não predominantes (italianos) era desconfortável. Isso, com os meus olhos verdes, cabelos claros e uma pele mais branca do que bunda de neném! Se fosse moreninho, mulato ou preto teria sido um inferno. Tudo porque o preconceito é um paralelo algemado às condições socioeconômicas pós-abolição da escravatura.

Já que citei o Ypiranga, no final de semana o seu goleiro foi vítima dos mesmos gritos que ecoavam no velho estádio do clube nos anos 1960. Maior repercussão teve o episódio com Vini Jr. Será que a Espanha pode ser classificada como primeiro mundo? Ou apenas está localizada na sempre evidenciada Europa? Porém, além do inadmissível, inaceitável e inexplicável que ocorre no outro hemisfério temos por aqui, em nosso convívio, quem espalha esterco nas redes sociais defendendo a conduta dos torcedores racistas espanhóis. Muito pior, fustigando com inócuas refutações ao jogador. Mais triste é que essas colocações partem de seres quase escravos engajados às algemas supremacistas. Esses merecem ser denunciados, indiciados e julgados para que a Justiça faça justiça.

Tomara que esse episódio provoque reflexões comportamentais cotidianas, além de indagações sobre as nossas condutas. Isso é indispensável no aprimoramento da sociedade brasileira na busca de um ponto final ao racismo. O preconceito é disfarçado de desdém, desconfiança, suspeição, gestos e atos velados. Para mim, isso não é apenas preconceito. É uma válvula de escape para os recalcados com diminuto discernimento, mal-amados ou, pior ainda, péssimos amantes. Esses racistas escamoteados vivem a mais grave pobreza: a espiritual. E, por favor, chega de hipocrisias.

Pedro Almeida x Imprensa I

É indisfarçável o entusiasmo do prefeito Pedro Almeida com a revitalização do espaço no Estádio Fredolino Chimango. Tanto que ele desafiou a imprensa para um futebol sete, sexta-feira, no novíssimo gramado sintético. Se até lá eu não cair do cargo, serei o técnico do Boleiros da Imprensa. Meu problema não é a formação da equipe e sim as suas deformações. Nosso goleiro Lucas Brasil é um show à parte e pode aparecer de bombacha ou vestido de prenda. Nosso camisa 10, Gérson Lopes, não demonstrou o mínimo entusiasmo. A opção é trazermos Douglas – Maestro Pifador, mas isso só será possível com o apoio logístico da Disfonte. Nosso dedicado lateral Kleiton é um leão em campo, porém, como bom Colorado, nunca ergue uma taça.

Pedro Almeida x Imprensa II

Há o risco de o meu zagueiro Chorão ser tentado pela máfia das apostas. A alternativa é Kannemann, que está suspenso. O Adolfo Freitas pode judicializar, mas o time da Prefa já teve Daizon Pontes. A minha dor de cabeça está no ataque: Mateus Rodighero é dúvida, Ari Machado pipocou e Álvaro Damini sumiu. Temos o Dantas, ex-TJD, que agora oficializou-se na imprensa. Era nosso atacante-fuçador, mas deu migué e veio para a comissão técnica. Então, do que seria uma Casa das Máquinas restou um Lar de ‘Maravilhas’. E sem o Paulo Casarin! Mas, vida de técnico é assim mesmo. É aquilo que eu sempre digo para vocês, não é Renato? Força Mano, abraço Celso Roth, um brinde Abelão, bom pojeto Luxa...

Operação cotonetes

Alto-falantes em lojas e outras barulhentas palhaçadas estão com os dias contados. Agora com o sonômetro, a ação da Secretaria do Meio Ambiente de Passo Fundo será ampliada. O chefe do Núcleo de Licenciamento e Fiscalização Ambiental, Glauco Polita, destaca que a rotatividade de lojinhas não permite uma conscientização em longo prazo. Isso, porque nos estabelecimentos mais tradicionais a educação condiz com o porte da cidade. Nos próximos dias, o secretário Rafael Colussi deve promover encontros com entidades representativas do comércio para que também auxiliem no combate ao barulho, preservando em alto nível o próprio segmento.

Trilha sonora

Johnny Rivers - Slow Dancing


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