O primeiro impropério do senador Magno Malta é o desprezo vil contra a capacidade intelectiva do cidadão honrado da nação. Isso acontece quando abusa de sua imunidade parlamentar e se refere ao ataque racista contra o atleta Vini Junior do Real Madri. Cínico, debochado e impudente, profanou a dor de um cidadão negro perseguido injustamente por ato racista na torcida do futebol. Enquanto a população e observadores do mundo todo, especialmente brasileiros, repelem a covardia do racismo, o senador Malta comete o descalabro. Quando todos os brasileiros esperavam perplexos um gesto de dignidade em defesa do atleta negro, Malta aprofunda o abismo da incompreensão humana, sem escrúpulo moral, lança desapreço sínico à causa igualitária, ao fundamento constitucional, usando expressões absurdas à ordem e respeito de toda a humanidade. Na hora de dor, onde ocorre o vilipêndio à dignidade de toda a população negra, surge este rompante lúgubre, com a finalidade, a intenção de desprestigiar a legião de irmãos negros. Usa como estratégia deste destempero, a via anfíbia da ofensa, com sarcasmo e desrespeito. Vai ver que, no fundo o descalibrado senador não admite que Vinícius seja jovem de tanto brio e profunda inserção social. Sua posição é conhecida por todos, uma vez que se mantém fiel e fraterno a sua comunidade, dando atenção aos menos favorecidos. Por certo, Malta não suporta valores tão nobres num cidadão tão jovem e fiel à sua comunidade, mesmo sendo um dos mais poderosos atletas do mundo. Para expor sua amargura íntima contra o sucesso de uma pessoa de bem, Malta irrompe em maldade. Seu gesto mesquinho que o desfigura como orientador comunitário vai ser investigado severamente, pela gravidade do fato, onde ultraja princípios orientadores religiosos e sociais, ou a lei penal. É ignomínia demais, que mancha o parlamento nacional e revolta pessoas decentes. Malta não pode continuar supondo que todo mundo é bobo. Bobo e tolo é quem se acha superior e quer desprezar nossa gente, e está sempre aparecendo mais do que deveria. Aliás, há séculos se diz “nomina stultorum, extant undique locorum”, ou seja, nome dos tolos está em toda parte, como dizemos no Brasil.
Imenso racismo
A ministra Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, lembra a extensão histórica do racismo que não atinge apenas negros. Cita a pertinácia do sistema secular oligárquico que discrimina a multidão de sobreviventes nesta permanente caçada humana contra indígenas, quilombolas, mulheres ou comunidades extrativistas. A presença honrosa de Guajajara, Marina Silva, com suas causas fragorosamente libertadoras atrapalha a artimanha dominadora. A oportunidade de segurança alimentar, segurança pessoal, terras e águas preservadas para resgatar condições de vida a esses povos, acende o alerta para a máfia exploradora que vem devastando as condições de vida na Amazônia. A implantação de escolas nas áreas, postos de saúde e expulsão das dragas criminosas que envenenam os rios, preservação de árvores e toda a natureza, não é interesse dos invasores de um território sagrado. Por isso a discriminação despreza a vida do povo sofrido que conta com políticas de preservação e direitos humanos. A violência contra nativos e ribeirinhos, especialmente do crime armado é terror. A detonação de aviões e aeroportos clandestinos do crime, interdição de garimpos e devastação das florestas, além da demarcação e respeito às áreas indígenas, tudo é rechaçado com violência armada pelo crime organizado. Essa nova roupagem do poder opressor sistêmico não aceita contenção.
Mulheres valentes
Tanto Marina Silva do Meio Ambiente, como Guajajara e outras vozes femininas no governo Lula estão coesas e inteligentes. A obliteração surgida no Congresso Nacional, visando impedir a concentração da pauta social e econômica sob o comando das mulheres, é reação que pretende manter a forma autocrática e discriminatória, com raízes racistas, de um funeral ideológico que reprisa o pensamento de origem nazista. Pensem bem. Mulheres com ferramentas na política social e econômica significa confronto com a prepotência e inépcia de uma hegemonia machista. O Lula que se vire para sustentar essa luta.