OPINIÃO

Teclando - 31/05/2023

Coisas de Passo Fundo

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Coisas de Passo Fundo

Será que Passo Fundo é muito diferente? Ou o resto do mundo é diferente de Passo Fundo? Seria apenas uma questão de ponto de vista, inclusive pela antípoda do observador. Considero-me passo-fundense por adoção ou, geograficamente, por ser originário do antigo 8º Distrito, hoje Erechim. Aquerenciado e bem à vontade, estou credenciado para expressar considerações sobre o nosso torrão. Por aqui há superlativos indiscutíveis e jamais alguém ouse dizer que são bairrismos. Parece que há plaquetas sui generis no nosso sangue e até no plasma do Hemopasso. São as peculiaridades passo-fundenses. Não são poucas, e até passam despercebidas. E não ficam restritas aos nossos ícones como o chute do Bebeto, o xis do Boka, as Jornadas Literárias, os Festivais do Folclore etc.

É na conduta que somos diferentes ou até irreverentes. O nosso cotidiano é ímpar e recheado com muitas peculiaridades. Entendo como a mais importante delas o passo-fundês: a maneira como falamos. Um sotaque próprio, sóbrio, claro, bem articulado e objetivo. A base veio dos tropeiros paulistas, alemães e caingangues. Chegou a influência dos italianos, castelhanos, fronteiriços, missioneiros, açorianos porto-alegrenses e das bandas dos campos de cima da serra. Passo Fundo é cosmopolita. As circunvizinhanças nos permitem esse aprimorado linguajar com refinada pronúncia. Não cometemos crimes com o erre, nem para mais e nem para menos. Não chiamos como chaleira. Amaciamos discretamente os finais de palavras, mas diferenciamos ‘u’ e ‘l’, não cambiamos ‘o’ por ‘u’ ou ‘e’ por ‘i’.

Sim, o passo-fundês é patrimônio cultural. É uma pronúncia abrangente, clara, com entonação flexível, porém não afetada por exageros ou sotaques gritantes. Sem tropeços, falamos uma mescla das vozes do Rio Grande do Sul. Prova disso é que o nosso jeitinho de conversar até passa despercebido nas outras regiões do estado. Já por aqui é bem diferente, pois os sotaques fora dos trilhos machucam os nossos ouvidos. Por isso, fico muito triste ao ouvir a propagação do bonfinês porto-alegrense pelos ventos do Planalto Médio. Por favor, vamos resguardar o nosso passo-fundês. Não esfalecem um importante patrimônio cultural. O passo-fundês será um privilégio para as próximas gerações. O passo-fundês é coisa nossa. Preserve-o!

Parabéns, prefeito

O futebol é uma caixinha de surpresas e não existe jogo ganho. Dito isso, lamento informar que o Boleiros da Imprensa acabou goleado pelo time do prefeito Pedro Almeida. Cumpri suspensão, não pude ficar na área técnica e o grupo foi orientado pelo onipresente Carlos Dantas. Com lesão na panturrilha, Gerson Lopes não jogou e é recondicionado pelo professor Marco Aurélio. Nosso goleiro Lucas Brasil, supostamente, fora assediado pela máfia das apostas. Mas está prestigiado! Isso é assunto interno e o nosso vestiário permanece blindado. Já a equipe adversária colocou em campo um atleta fora do BID, vinculado à federação do Distrito Federal. O jurídico analisa o caso. Além da bola, o futebol não vive sem a flauta. Então, o prefeito Pedro enviou uma elegante mensagem com imagens do bonito gol que marcou. Dentro da sua costumeira fidalguia, aceitou o pedido para uma revanche. Vamos lá. Desta vez, tudo vai ser diferente! Ah, em tempo, meus cumprimentos ao prefeito e sua equipe.

Carpaccio

Sábado, fui brindado com um magnífico carpaccio da Chef Elis Flores no Restaurante Franz. A carne com toques de mostarda e alcaparras merece o carimbo “Dos Deuses”. O Miguel Amarante chegou tarde e perdeu a iguaria. Veio com a desculpa de que estaria retocando o cabelo do Múcio. Não colou e não levou. Agora, conto com o quibe do Jorge Gerhardt e o carpaccio da Elis. Para completar a crueldades das carnes cruas, ainda procuro por um autêntico hackepeter. Além da mais óbvia de todas, é claro.

Charque

Já que estamos à mesa de garfo e faca na mão, não posso omitir meu agradecimento ao Antônio Maria e a Nica que me trouxeram um charque para lá de especial. Veio de Uruguaiana, feito de corte selecionado e picadinho à mão. Água gelada, remolho e logo vai para a panela com aquele arroz preferido por 10 entre 10 gremistas. Muito obrigado pelo carinho Antônio e Nica.

Operação cotonetes

Gradativamente, os mal-educados que persistem com alto-falantes na porta das lojas são notificados e multados pela Secretaria do Meio Ambiente. O comércio de Passo Fundo é muito forte, tem tradição, qualidade e não pode ser nivelado por baixo.

Trilha sonora

Diana Krall - Just The Way You Are


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