OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Cezar Roedel

Consultor de Relações Internacionais

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Henry Kissinger completa os seus 100 anos. Ele foi o grande arquiteto da política externa americana no século XX. Kissinger conseguiu unir o pragmatismo à defesa dos interesses nacionais dos EUA, sendo um dos mais importantes conselheiros de política internacional em seu tempo, sendo ainda, regularmente consultado sobre temas internacionais. No Brasil também tivemos grandes baluartes de nossa política externa e um dos principais deles, poderíamos dizer com folga, fora José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco (1845 – 1912), um de nossos grandes diplomatas, que assentou os principais eixos de uma política externa voltada ao interesse nacional, princípios que ainda constam em nossa Carta Magna, pois atravessaram o tempo. Uma das frases do Barão é emblemática para os tempos atuais: “um diplomata não serve a um regime e sim ao seu país”. O que Kissinger e o Barão do Rio Branco possuem em comum? Justamente a ideia de que a política externa não pode servir predileções obtusas e temporárias, inclinando-se a algum tipo de espectro ideológico.

 

A política externa de Lula 

Grande parte dos brasileiros sentiu-se envergonhada diante da cena de Nicolás Maduro, um ditador, sendo recebido com honrarias de Chefe de Estado. Aí observou-se a antítese de nossos patronos diplomáticos, ao aliar ideologias ultrapassadas com interesses pessoais (muito distantes dos nacionais). Transformar os duros dados da ditadura de Maduro em “narrativas” criadas para “distorcerem a realidade” é, realmente, um sinal devidamente preocupante. Maduro é acusado pela ONU de crimes contra a humanidade e pelos EUA, de associação narcoterrorista, havendo inclusive recompensa pela sua captura. Há milhares de denúncias contra o ditador no Tribunal Penal Internacional, feitas por venezuelanos. Grande parte da Venezuela sofre de uma severa insegurança alimentar. Execuções extrajudiciais, tortura e utilização do Estado para vigilância social são outros exemplos. São milhares os refugiados, que buscam oportunidades fora do regime opressor.

 

Balanço desanimador 

As presepadas diplomáticas acumulam-se. A Cúpula dos países sul-americanos serviu para que líderes, da direita e da esquerda, apontassem o flagrante equívoco de Lula em relação à Venezuela. Lula sugeriu, também, uma moeda sul-americana (sem qualquer viabilidade), fazendo nítidas e desnecessárias provocações aos EUA. No G7, Lula ficou isolado, ainda com a pretensão de ser um mediador da paz. Dos EUA voltou sem nada concreto. Da China, alguns acordos exóticos e outros sem promessa de concretude, usando de sua visita para criticar os EUA. Na conjuntura da guerra na Ucrânia, responsabilizou inclusive a vítima! Em Portugal e Espanha teve de engolir fortes protestos, inclusive de deputados, no parlamento português.

 

Futuro nada promissor 

A continuar nesse acúmulo de desastres, a política externa, que deveria atender o país e não os interesses ideológicos, segue rumo ao isolamento. Que falta fazem grandes conselheiros de política internacional. Barão do Rio Branco certamente estaria profundamente envergonhado. Atender a um regime ou ideologia, e não ao seu país, é um erro primário, cujo custo vamos pagar no futuro.

 

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