OPINIÃO

Deus Pai e Filho e Espírito Santo

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O prefácio da missa da solenidade da Santíssima Trindade reza. “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Com vosso Filho único e o Espírito Santo sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo”. Esta oração de louvor professa a fé no Deus uno e trino, um só Deus em três pessoas. Um mistério inefável para a nossa capacidade humana e, mesmo assim, Ele se deu a conhecer, revelou-se.

Foi Jesus Cristo quem nos revelou a intimidade de Deus. No Antigo Testamento Deus já era chamado como criador e Pai, particularmente dos pobres, órfãos e viúvas. Jesus revelou um novo sentido, totalmente original, ao se referir a Deus como “Pai”. “Ninguém conhece o Filho (Jesus) senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27). Em outros momentos, Jesus deixou claro que estava realizando a “vontade do Pai”, “quem me vê, vê o Pai”, “eu o Pai somos um”.

Jesus também anunciou “outro Paráclito” (defensor) o Espírito Santo, atuante desde a criação , “quem falou pelos profetas”, está agora junto dos discípulos e presente neles, para ensiná-los e conduzi-los à “verdade plena” (Jo16,13) Assim, o Espírito Santo é revelado como outra pessoa divina em relação a Jesus e ao Pai. “O Espírito Santo é enviado aos apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa, depois de seu retorno para junto do Pai. O envio da pessoa do Espírito, após a glorificação de Jesus, revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade” (Catecismo da Igreja Católica n. 244)

Os textos bíblicos da solenidade da Santíssima Trindade (Êxodo 34,4-6.8-9, 2º Coríntios 13,11-13 e João 3,16-18) não se detém tanto no mistério da Trindade, mas falam do amor de Deus. O amor se constitui a essência divina e ao mesmo tempo a sua unidade. Moisés que conduz “um povo de cabeça dura” grita a Deus: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, rico em bondade e fiel”. No Novo Testamento , a 1ª Carta de São João (4,8) resume a Deus com uma única palavra: “Amor”. O santo Evangelho afirma: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que mundo seja salvo por ele.”

O Deus revelado pelas escrituras falam claramente que Deus não é alguém fechado sobre si mesmo e satisfeito em sua autossuficiência, mas é vida que deseja comunicar-se, é abertura, é relação. Todas as palavras como misericórdia, clemente, rico em bondade, fiel e amor falam de relação. Um ser cheio de vida que quer transmitir e gerar vida. Este rosto de Deus revelou-se plenamente em Jesus Cristo, pois passou “por este mundo fazendo o bem” (Atos 10,38). Em nome deste Deus São Paulo saúda: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam como todos vós”.

Desta realidade divina nasce uma luz para olhar a realidade humana. Criados à imagem e semelhança do Criador os humanos são chamados a viver uma vida de relações fraternas, de encontro, de diálogo, de amor. O ser humano só se realiza e se torna humano na medida em que sai do seu isolamento, forma comunidade e sociedade; em que tem preocupação com a vida do próximo desejando que ele viva.

Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo


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