OPINIÃO

Teclando - 14/06/2023

Baixe o aplicativo

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Não sei se temos o mundo na palma de nossas mãos ou o mundo nos detém em suas mãos. A verdade é que já contamos com mais aplicativos do que amigos. Em uma loja, a atenciosa atendente explicou-me que era mais fácil comprar o item que procurava pelo aplicativo do que ali no balcão. E ela estava certa. Táxi virou carro de app. Os bancos, então, até poderiam alterar a nomenclatura com a troca da palavra banco por app. Uso um aplicativo de meteorologia, mas ainda dou uma espiada no Boqueirão. Aplicativos oficiais, federais, estaduais e municipais nos três poderes. Meu Gov, Meu INSS e outros meus que não me pertencem.

Há aplicativos para o orgasmo de sua preferência. Almoço, jantar, café e cerveja viraram pizza fatiada em apps. Já que não sou um exemplo em aplicação, confesso que necessito de um aplicativo para meu autogerenciamento. Vou interagir comigo mesmo através de um app com praticidade e dedicação exclusiva. Decisões rápidas e sem queimar neurônios em interface com meus conhecimentos pré-estabelecidos. Não será uma simples agenda, pois necessito de informação ágil e abrangente. Telinha sem frieza e menu com boas opções (não muitas para eu não me confundir comigo mesmo). Bastará um toque na tela para informar que estou com fome. Instantaneamente, o aplicativo avisará que devo almoçar. E, obediente, irei me alimentar.

Meu app terá permissão para interagir com outros aplicativos. O Shazam, por exemplo, alertará quando eu chegar em ambientes que tocam sertanejo ou outras aberrações. Em uma inimaginável situação de excedente etílico, será possível meu autorreconhecimento por biometria digital, reconhecimento facial ou de voz para determinar que eu sou eu mesmo. Até aqui tudo bem. Meu medo é clonarem o app. Há também o risco de não me adaptar às constantes atualizações. Ou a possibilidade de inusitadas sequelas após uma reinstalação de software. Backup pode ser uma garantia, mas se estiver salvo na nuvem será que minha cabeça sairá de lá?

Lâmpadas vermelhas

Observo que passaram a régua sobre algumas regrinhas. Uma delas é a utilização de lâmpadas de sinalização no topo dos prédios e torres de telecomunicações. Basta dar uma olhada pela cidade e parece que as lâmpadas vermelhas não são mais obrigatórias, pois estão cada vez mais raras. Mudaram as regras? Não seriam mais obrigatórias? E (tóc, tóc, tóc) se algum avião se enroscar numa antena dessas, também colocarão a culpa no piloto? As luzes vermelhas têm muitos e importantes significados que dependem da localização. Indicam tratados universais que valem para telhados, sinaleiras e casas na beira da estrada. Desvie ou pare. O local é primordial para definir a opção.

Dia dos Namorados

O forte do Dia dos Namorados não é o dia. É a noite que começa com música romântica e superlota os restaurantes. Entre flores, troca de presentes, brindes e sorrisos explícitos de insinuações termina como muito bem sabemos. No meu caso a noite dos namorados foi decepcionante, pois a namorada furou. Ah, já não fazem mais produtos infláveis de qualidade como antigamente.

Jabá

A expressão jabá, para quem não sabe, além de jabaculê também significa charque ou carne-seca. Lembram-se daquele jabá pelo charque de Uruguaiana? Foi um duplo acerto com direito a duplo benefício. Pois não é que a Nica e o Antônio Maria estão chegando da fronteira com mais um pacote da iguaria? Fico só imaginando a ciumeira do Paulinho Mendrujo, que deve roer as unhas de ódio. Desta vez o charque vai para a panela com feijão vermelho e renderá um caldo grosso para comer de colher. Mas, é claro, ainda torço por um ovinocídio naquela fazenda lá pelas bandas da Uruguaiana. Se chegar uma paletinha de cordeiro, então o Mendrujo infarta!

Chinelagem

Chinelo é chinelo. Podem até tentar se passar por sandálias Havaianas, mas continuam chinelos. A chinelagem em seu habitat é normal e ninguém nota. O problema começa quando os chinelos ocupam as vitrines. De longe a chinelagem contrasta com o ambiente. Mesmo díspar, os chinelos encontraram pares fora de suas caixas. E a culpa não é da própria chinelagem. Mocassins e salto-altos estendem as mãos para amparar os chinelos. É a baixaria que podemos classificar como chinelagem da alta.

Trilha sonora

Electric Light Orchestra - Last Train to London


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