OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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No dia em que esta coluna é fechada (28/06) havia a programação para a realização do Foro de São Paulo, contestado por políticos da oposição, bem como um pronunciamento por parte de Lula, que é um dos fundadores da aludida organização, juntamente com o ditador cubano Fidel Castro, na década de 1990. Trata-se da 26ª edição, realizada em Brasília, que reúne ditaduras e agremiações políticas diversas, da esquerda latino-americana sob o tema: “Integração Regional Para Avançar a Soberania Latino-americana e Caribenha”. Conforme divulgação da mídia, o evento contará com exposições de partidos comunistas das principais ditaduras latino-americanas: Cuba, Nicarágua e Venezuela. O Foro surgiu após a queda do Muro de Berlim, tentando reunir a esquerda latino-americana (inclusive com organizações criminosas) em um projeto de articulação transnacional difuso, com interesses não declarados e potencial desejo de ingerência política em nações estrangeiras, para o atendimento de um projeto amplo de disseminação comunista, contra o “imperialismo” e o “neoliberalismo”.

 

“Integração e Soberania”

 

O tema do evento é absolutamente sugestivo sobre a real essência da organização. Nele encontramos dois conceitos que devem ser analisados a partir da lógica operativa do Foro. O primeiro seria a “soberania" da América Latina. Aqui parece haver um equívoco proposital, uma vez que a real soberania emerge apenas de uma Nação constituída. A “soberania” da América Latina, portanto, seria apenas um laboratório para teses comunistas, “anti-imperialistas”. Na visão de seus participantes, a América Latina é um espaço seu, pouco importando a soberania dos países do continente. O termo é um real equívoco, velado por intenções ideologicamente obtusas. Outro termo que deve ser analisado é o da “integração” latino-americana, espécime aparentemente exótica, uma vez que, em tese, não prevê a aliança de todas as visões políticas, se não apenas as irradiadas pelas agremiações comunistas latino-americanas. Uma integração que serve apenas a um desiderato de pretenso “autoritarismo-democrático”.  

 

As ironias

 

A ironia mais aparente do Foro (conforme disposto no site do evento) é a defesa de quatro pilares, entre eles o da “Democracia e Autodeterminação” A defesa da democracia é tão peremptória, que regimes como o venezuelano, nicaraguense e cubano dariam inveja em Tocqueville, o maior estudioso das democracias. Mas as ironias aparecem em todos os cantos planetários. Até a China já organizou uma cúpula para debater sobre a sua “democracia”. Afinal, resta a pergunta, que democracia é essa defendida pelas agremiações comunistas?

 

Provável discurso

 

Se Lula discursar, não há certeza até o fechamento desta coluna, podemos esperar o de sempre. vai repetir a ideia de moeda única, defender os seus colegas ditadores e proferir algumas sentenças antiamericanas, quem sabe até defender a posição russa. A única certeza que se tem é que o evento será o retrato deprimente de uma esquerda autoritária, que ainda vive nos escombros do Muro de Berlim, combatendo o “imperialismo” e o “neoliberalismo”. A ajuda que Lula quer alcançar à Venezuela e Cuba e as suas dívidas com o Brasil, como visto nas últimas semanas, apoia-se no objetivo do Foro, a união carnal com os regimes mais afrontosos e ultrajantes da América Latina. 

 

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