OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Em meio ao anúncio de que o governo americano enviará as bombas de fragmentação à Ucrânia, tomou destaque a cúpula da OTAN, sediada na capital da Lituânia, Vilnius. As bombas trouxeram algumas reações no plano da Guerra, com Putin informando que Washington teria transpassado as suas “linhas vermelhas”. O mais irônico é que Moscou usa esse tipo de armamento desde o início da guerra. A tecnologia é capaz de espalhar fragmentos explosivos em uma área maior que 20 mil metros quadrados. Existem convenções internacionais que proíbem a fabricação e o uso das bombas, todavia EUA, Ucrânia e Rússia não são signatários. A Turquia havia enviado esse tipo de tecnologia à Ucrânia. Os EUA vêm desativando esse tipo de armamento há vários anos, mesmo assim optou por enviar à Ucrânia, em uma decisão controversa, que certamente não alimenta qualquer possibilidade de diálogo rumo ao armistício. 

 

Cúpula e sinais 

A Cúpula da OTAN traz uma série de mensagens e expectativas para o cenário da guerra, sem previsão de término. A presença de países, como a Austrália, o Japão e a Nova Zelândia, demonstra que a OTAN pode estar sendo usada como escudo contra o avanço chinês, dirigindo também a sua atuação às questões estratégicas do Indo-Pacífico, fora de sua tradição e mandato de defesa. A participação de Zelensky também foi destaque. Em que pese a ideia de que uma nação em guerra, como a Ucrânia, não possa adentrar na OTAN, Kiev é praticamente um membro. Todavia, enquanto não há adesão formal, a Organização criou o conselho OTAN-Ucrânia, que já teve reunião na cúpula. Outra promessa será a da ajuda plurianual à Ucrânia em uma transição para os padrões de treinamento da OTAN. Também buscar-se-á reduzir o tempo de adesão de Kiev no futuro. Outro ponto importante da cúpula é o avanço da adesão da Suécia ao sistema de defesa coletiva, que agora conta com o apoio turco.

 

Turquia 

Nas últimas semanas, a Turquia abandonou literalmente a sua inclinação dúbia em relação a Putin, modificando o tabuleiro geopolítico. Em um processo de barganha para adentrar na União Europeia, fez com que Erdogan apoiasse a entrada da Suécia na OTAN. De outro lado, a Turquia, rompendo acordo prévio com a Rússia, liberou cinco prisioneiros, comandantes da Guarda Nacional da Ucrânia, que retornaram ao seu país. A notícia foi comemorada por Zelensky, enquanto Moscou acusou Erdogan de não cumprir os seus acordos bilaterais. A mudança clara de posição da Turquia traz novos ingredientes à cena geopolítica, cortando o seu status de aliada a Putin. Tais ações visam apenas a UE, em cálculo político de Erdogan.

 

G7 dobra aposta 

Enquanto isso, os líderes do G7 anunciam assistência adicional para que a Ucrânia possa ter um exército cada vez mais preparado, inclusive para os riscos futuros. O investimento será de longo prazo. A ideia de levar os problemas do Indo-Pacífico à OTAN, neste momento, traz os seus riscos implícitos e há discordâncias entre os líderes ocidentais, não apenas sobre esse tema, mas também em relação às bombas de fragmentação. Há de se calcular as futuras reações de Moscou, mesmo que as suas estratégias (ou falta de) demonstrem o seu fracasso. Os movimentos da OTAN podem fortalecer ainda mais a relação China-Rússia, evidenciando um risco significativo.

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