Neste final de julho, já se vão 70 anos do armistício assinado pelas Coreias, que marcava o fim de três anos de guerras (1950 – 1953), em conflito que contabilizou mais de 3 milhões de vítimas. Neste momento, há uma divisão muito curiosa no entendimento de aliados, enquanto a Coreia do Sul reúne delegações de potências ocidentais, com forte apoio americano, a Coreia do Norte comemora o armistício com as delegações da Rússia e da China, para mais um de seus desfiles militares. De lá para cá não ocorreram novos conflitos, mas a paz e a segurança seguem ameaçadas, a cada teste de mísseis balísticos, pelo Ditador do Norte. A visão de mundo também foi outro fator marcante na história das Coreias desde o armistício. Enquanto a Coreia do Sul é uma das principais economias globais e referência em educação e tecnologia, a Coreia do Norte é um país completamente isolado e com um regime ditatorial grotesco, que mais parece uma ficção, e que sempre recebeu o apoio chinês e soviético.
China e Rússia
Chama atenção o envio de delegações de alto nível por Pequim e Moscou à Coreia do Norte. Para a Rússia, outro país que tem entrado em um processo rápido de isolamento, a Coreia do Norte é um parceiro importante do que denomina como a Nova Ordem Mundial, um espaço fictício onde a Rússia teria um pretenso domínio (na imaginação de Putin). Assim, o regime ditatorial do Norte seria um aliado a contestar as potências ocidentais, com os seus mísseis balísticos e programa nuclear. Já para a China, o país é apenas um ativo geopolítico no projeto de expansão regional chinês, sendo um Estado tampão, a evitar o contato de Pequim com um país capitalista, ou seja, a Coreia do Sul, onde estão estacionados efetivos militares americanos.
Os mísseis
Os 70 anos de armistício se anunciam em meio a uma escalada de tensões na península e na contraposição dos aliados de cada lado. Os testes militares da ditadura do Norte prosseguem, trazendo insegurança e preocupação à Coreia do Sul e seus aliados, principalmente os EUA, que acabam mobilizando esforços militares e até submarinos com capacidade nuclear, a fim de persuadir o regime comunista com as suas aventuras, que também ameaçam o Japão.
O soldado
Em meio a tudo isso, ainda há uma incógnita importante: o soldado americano que resolveu entrar na Coreia do Norte (o que não acontecia desde 1982). Não parece haver, ainda, qualquer comunicação oficial entre os países para solucionar o imbróglio. Desde que entrou em território norte-coreano, não houve mais qualquer tipo de notícia. A razão do soldado americano ter entrado lá só resta na imaginação, pois, pela lógica, não parece haver qualquer razão.
A parceria
EUA e a Coreia do Sul têm articulado uma série de exercícios militares, em uma grande cooperação para deter a eventual ameaça norte-coreana, em um ataque nuclear. Lembramos que os países firmaram recentemente a “Declaração de Washington”, que cria um Grupo Consultivo Nuclear-Coreia do Sul, pronto para qualquer resposta necessária. A declaração incluía o envio de submarinos nucleares e o apoio com tecnologia militar avançada. O armistício e os seus 70 anos demonstram, hoje, como o mundo está dividido, repetindo a história. E, justamente, por repetir é que há potencial de se tornar um mundo tão perigoso quanto, ainda mais com as narrativas nucleares.