OPINIÃO

Conjuntura Internacional

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Guerra chega à Rússia 

Nas últimas semanas, os drones têm tomado destaque na conjuntura da guerra na Ucrânia, desde a ponte da Crimeia até os ataques russos em revide. Agora, parece que há uma nova escalada de tensões, com um cenário inédito: possíveis ataques de drones ucranianos em alvos no território russo. A contraofensiva ucraniana caminha devagar, em grande medida devido ao fato de os russos estarem espalhando grandes quantidades de minas terrestres para não permitir o avanço das tropas. Nos últimos dias tomaram destaque os ataques de drones a um prédio, sede de ministérios russos, em duas ocasiões distintas, com considerável janela de tempo. O fato denota a relativa fragilidade de Putin no controle de seu espaço, o que já restou flagrante desde o avanço do Grupo Wagner e a tomada por ele, de uma unidade militar russa, sem qualquer reação de Putin. Todavia, não se pode descartar que os dois episódios aludidos não passem de pura encenação soviética, a partir de propagandas de desinformação. Enquanto o Ministério da Defesa acusa a Ucrânia pelos ataques recentes com drones, Kiev não comentou oficialmente o ocorrido. Zelensky chegou a afirmar que a guerra “pode se deslocar para o território russo”.

 

Mudança 

Trata-se de uma informação de suma relevância e que muda drasticamente a situação da guerra. Até então, a Ucrânia empreendia a sua autodefesa, princípio legítimo do Direito Internacional, restrita ao seu território, onde leva a cabo a sua contraofensiva atual. A extensão ao território russo denota claramente uma mudança no rumo da situação, que poderá trazer implicações diversas, além da escalada de tensões. Também houve a tentativa de ataques de drones, supostamente ucranianos, no Mar Negro, um dos centros nevrálgicos da guerra, devido ao recente anúncio da suspensão do Acordo de Grãos, por Putin. Outros ataques fronteiriços, também em território russo, haviam ocorrido, mas agora parece haver uma mudança radical, com ataques em Moscou, gerando o temor da população russa, presa às aventuras de Putin. Os drones que a Rússia tem usado em solo ucraniano, por sua parte, são de fabricação iraniana, que atingiram uma porção de alvos. Já os drones ucranianos, em grande parte, foram vendidos pela Turquia, os Bayraktar TB2. Os ataques ao prédio russo sinalizam a fragilidade de Putin ao garantir a segurança de seus civis, que a esta altura, questionam ainda mais a sua “operação militar especial”, cujas consequências começam a aparecer no solo de Moscou.

 

Portos ucranianos 

Tomou destaque também o ataque russo no porto de Izmail, instalação no Rio Danúbio, que estava sendo destacada para a comercialização de grãos em rota alternativa ao bloqueio russo no Mar Negro. Na região, a Ucrânia tem evitado inúmeros ataques, mas esse danificou uma estrutura de transporte de grãos.

 

Cenários 

As tensões certamente irão aumentar. A estratégia ucraniana, se confirmada a autoria dos ataques na Rússia, entra em uma margem delicada. Enquanto isso, Putin seguirá com os seus ataques, principalmente para debilitar a infraestrutura ucraniana, no tocante à logística dos grãos, que poderá trazer impacto ao comércio global. Importa saber se a Ucrânia continuará se valendo de alvos simbólicos russos, como o arranha céu atingido, ou se eles serão ampliados. Riscos consideráveis pela frente. 

 

Gostou? Compartilhe