A lista telefônica
A modernidade não supera a praticidade do papel e suas múltiplas utilidades. Mesmo diante do amplo leque de informações que hoje dispomos na internet, a lista telefônica permanece insuperável. Não digo isso por nostalgia. É pela carência do velho guia que tanto nos auxiliou por décadas. Para os mais novos, lembro que as listas telefônicas eram publicações obrigatórias das concessionárias de telefonia. Aqui, tínhamos a saudosa CRT – Companhia Rio-grandense de Telecomunicações, criada em 1962 pelo governador Brizola. Os guias eram anuais e aguardados com ansiedade. Basicamente, traziam a relação dos assinantes nas páginas brancas, os classificados nas páginas amarelas e, ainda, a lista dos telefones existentes pelo endereço.
O tamanho do guia correspondia à quantidade de telefones fixos em cada localidade. Lembro que o de Porto Alegre era enorme. Em São Paulo o material chegava em três volumes com mais de duas mil páginas cada: assinantes, amarelas e endereços. Era uma mão na roda e servia até como escada para alcançar em cima do guarda-roupa. A Listel editava as listas da CRT divididas por regiões. Passo Fundo era o carro-chefe da edição Norte RS, que trazia nas capas obras de um artista da região. Bem mais do que uma simples relação de números telefônicos, servia como um compêndio da cidade. Na redação era indispensável. Em minha mesa, além da mais recente edição, havia ainda algumas anteriores. Dos nomes próprios à localização de empresas, era uma espécie de Google local. E confiável, pois a publicação tinha conotação oficial.
A listinha também passava pelos departamentos comercial e de circulação, como uma mão na roda para a turma do telemarketing. A relação de assinantes vinha em ordem alfabética pelo sobrenome, o que facilitava encontrar alguém de determinada família. Ferramenta para todas as editorias, do entretenimento à polícia. E não era apenas para pesquisar, pois também nos salvou na ortografia de nomes próprios. Versátil, a lista servia de base para o monitor, suporte para elevar a almofada da cadeira ou peso para segurar a porta. De fato, o papel tem muitos papéis. E a lista telefônica impressa ainda cumpriria seu insubstituível papel.
PAPI
Nos últimos três anos, a sigla PAPI entrou para o vocabulário passo-fundense. O Precision Approach Path Indicator, é um sistema indicativo luminoso da rampa de aproximação final nos aeroportos, instalado ao lado das cabeceiras das pistas. Aqui em Passo Fundo, após obras na pista, as lâmpadas não brilharam e postergaram por alguns meses a reabertura do Aeroporto Lauro Kortz. No caso da cabeceira 09, parece que o PAPI sofre uma crise operacional intermitente. Desde 14 de julho, segundo notificação oficial, está inoperante. Já apresentou problemas umas cinco, seis ou mais vezes. De fato, até parece que é um PAPI rebelde. Mas quais seriam os fatores que poderiam propiciar essa sequência problemática? Influência da temperatura, pressão atmosférica, vento de través ou mau-olhado? Sei lá. Mas já ouvi falar até mesmo na remota possibilidade de algum probleminha na instalação do equipamento. Até porque, instalar quatro lâmpadas e puxar a fiação não deve ser nenhuma barbada.
Remeleixo
Há quase um ano, o amigo Neucir Rebelatto, mais conhecido como Remeleixo, é apontado como o responsável pelas mudanças do tempo em Passo Fundo. Quando ele senta em uma cadeira na calçada em frente ao Café do Borga, é indicativo de Boqueirão encoberto, temporal e queda na temperatura. No mês passado, quando houve chuva em grande volume, os meteorologistas atribuíram a responsabilidade ao El Niño. Então, como a turma não perdoa, durante a chuvarada sobrou para o Remeleixo. Muitos passavam pelo Borga, apontavam para ele e gritavam: “El Niño”! Entendo que o Gilberto Cunha deva estudar mais esse fenômeno, um encaixe perfeito para sua saga ‘Meteorologia – Fatos & Mitos’.
Barulho
Aos poucos, parece que o bom senso ganha espaço em algumas lojas para respeitar os ouvidos alheios. Já diminuiu consideravelmente o incômodo dos alto-falantes nas portas dos estabelecimentos. O secretário do Meio Ambiente, Rafael Colussi, juntamente com a sua equipe de fiscalização, estão empenhados em estabelecer a ordem. Já colhem bons frutos, com apoio de entidades do segmento e da Promotoria Especializada de Passo Fundo. Mas, infelizmente, ainda há resquícios de uma vergonhosa conduta suburbana.
Trilha sonora
Pat Metheny e Anna Maria Jopek - This Is Not America