OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Enquanto esta coluna é fechada (23/08/23), transcorre a 15ª Cúpula dos BRICS e a discussão sobre o possível aumento no número de membros. O grupo é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A primeira cúpula ocorreu em 2009 e naquela altura não contava com a África do Sul, que se tornou membro em 2011. O BRICS não é considerado um bloco comercial com regras comuns e não configura sequer como algum tipo de associação formal. O alinhamento inicial entre os países era a reunião de economias em processo de desenvolvimento. Hoje são economias relativamente distintas, com projetos políticos diversos, como o da Rússia, o de invadir ilegalmente uma nação soberana, em uma guerra absolutamente imoral e injustificável. Putin não compareceu no encontro com o receio de possíveis desdobramentos da sentença de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), sendo a África do Sul signatária do Estatuto de Roma, o que implicaria a voz de prisão.

 

Um eixo de contestação 

A origem do BRICS esteve ligada também a uma embrionária ideia de contrariedade à hegemonia americana no Ocidente. Hoje muitos se referem como sendo o projeto do grupo, uma estratégia do “Sul Global”, uma ideia requentada da década de 1990, que ainda insistia em observar a complexidade da geopolítica a partir dos hemisférios, sendo o do Norte, o hegemônico e dominante, e o do Sul, os oprimidos. Se a ideia era embrionária, hoje ela se fortalece como um eixo de contestação aos EUA, impulsionado pela nova posição das peças no tabuleiro de xadrez da geopolítica, onde Lula é apenas um peão. A Rússia vê no BRICS o canal perfeito para contestar o Ocidente e, principalmente, os EUA, após as sanções impostas a Moscou. A China, por seu turno, também utiliza o BRICS com objetivos similares aos da Rússia, a sua “parceira sem limites”.

 

Ampliação 

Até o fechamento da coluna, algumas fontes levantavam os nomes dos países que poderiam se tornar novos membros do BRICS, tomando destaque: Arábia Saudita, Irã, Egito, Argentina e Emirados Árabes. A adesão ocorreria até que a próxima cúpula se estabeleça, na Rússia. Lula já havia tentado ajudar o seu companheiro argentino, Alberto Fernández, ao solicitar ajuda do Banco dos BRICS à economia do país, o que fora negado, uma vez que o Banco não concede esse tipo de apoio. Todavia, se o futuro resguarda um caminho para a eleição de Javier Milei, certamente a adesão seria revista, pois, Milei é contrário às ditaduras e à guerra na Ucrânia.

 

Sinais desanimadores 

Ao mesmo tempo em que a China busca uma espécie de contestação ao modelo americano, a sua economia traz sinais de alerta. Em uma conjuntura de deflação e com preços baixos, a economia chinesa não conseguiu, após a pandemia, voltar a crescer de forma rápida. Há também o aspecto de uma grande crise imobiliária que surge, com possíveis efeitos externos. No plano internacional, no último mês observou-se que nas exportações do país, em patamares só observados em 2020. Assim, ao mesmo tempo em que a China tenta desenvolver um plano ambicioso de “comprar” países em desenvolvimento, a sua economia dá sinais preocupantes. Os efeitos externos começam a ser observados, assim, o BRICS é uma plataforma importante para Pequim buscar algum tipo de benefício econômico, ainda mais com os países que irão se tornar membros. 

 

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