Neurônios ao Ki-Suco
Nos últimos meses, só se ouve falar em inteligência artificial. A réplica do pensamento humano até já ganhou uma sigla anglo-saxônica e responde como AI. Evolução ou um risco? Sei lá. A escolha pode vir pelas respostas de outras duas perguntinhas: a) A humanidade evoluiu mesmo? b) Até onde o ser humano é inteligente? A charadinha requer múltiplas interpretações, pontos de vista e, obviamente, sapiência! A moderníssima criatura tem o homem como seu criador e modelo. Ora, desde os primórdios, as imperfeições humanas estão talhadas nas pedras, grifadas em papiros e papeis. Tentados e atentados, somos nossos próprios pecados. Isso significa que, se de fato corresponde ao pensamento humano, a AI também carrega uma boa dose de malevolência. Ainda tem a máxima de que uma réplica nunca pode superar o original.
Além disso, o artificial é sempre uma imitação vulgar do natural. Imaginem um poema inspirado em um satélite artificial? Seria patético ao ponto de a Lua, nosso inspirador satélite natural, derramar lágrimas em surto depressivo. O artificial, quando não beira ao vulgar, é a própria mediocridade. Vide, por exemplo, o refresco em pó – ícone do artificialismo. Então, por um lado da sociedade vivemos os modismos do natural, artesanal e orgânico. Na outra ponta comportamental temos automação, computação 3D e a Inteligência Artificial. Não podemos negar que a AI, a queridinha do momento, pode ser uma mão na roda para vários segmentos. Mas, se considerável parcela dos humanos já está fora de controle, será que poderemos conter a réplica sintética de tantos pensamentos conflitantes?
Mãos hábeis com cabeças ocas espalham o terror pelo zap-zap. Ora, a AI também deve ter seu vácuo cerebral tal qual seu protótipo. A tecnologia sempre é bem-vinda, mas rédeas curtas são necessárias para a preservação da própria espécie. Nem toda a novidade é de fato uma evolução. A história também guarda fracassos, decepções e expectativas que evaporaram. Ou afundaram. Agora, fico preocupado com o fato de os detentores da criaturinha, já andarem metendo o bico artificial nos nossos gostos, preferências e, pasmem, intimidades. Isso é um grande risco, pois será que depois do decadente sexo virtual seremos submetidos à libido artificial? Então, corremos o risco do sexo com gostinho de Ki-Suco!
Carga e descarga
O desrespeito nas áreas de carga e descarga já virou rotina. Ontem, mais uma vez, deixaram um caminhão e uma van praticamente o dia inteiro ocupando toda a área de carga e descarga próxima ao Clube Comercial. O local é o mesmo, os infratores idem. Esses espaços foram delimitados para permitir que as lojas recebam mercadorias e os clientes carreguem móveis, fogões ou geladeiras. Com o espaço ocupado, algumas caminhonetes pararam em fila dupla e atrapalharam o trânsito. Incômodo para todos, especialmente para o comércio. Observei que uma funcionária da Deltasul atravessou a Avenida com um carrinho de carga com caixas para levar até o carro dos clientes. Belo gesto do pessoal da loja. Comportamento vergonhoso da empresa responsável pelos veículos infratores. E omissão da fiscalização!
Jorge Salton
O amigo Jorge Salton é um multitarefa. Aliás, uma condição bem-adequada à tendência atual da medicina multiprofissional. Além de médico-psiquiatra, é escritor, professor e cronista de mão-cheia. Agora foi além e deu um pulo do consultório ao set de gravações. Sim, Jorge Salton lançou o filme “A História de Nós Três e de Nós Quatro” em parceria com o cineasta Jaime Lerner. Só não é de nós cinco porque não consegui comparecer à estreia do filme. Peço perdão, Jorge, pois no aperto do torniquete da ampulheta faltou a areia do tempo. Para sua próxima avant-première, prometo que jogo fora o Rolex e vou. Abraço!
Enchente
A tragédia atingiu Passo Fundo e boa parte do estado em forma de enchente. Mortes, desespero, perdas e muita tristeza. Não foi um desastre natural, porque os alagamentos são previsíveis e acontecem de tempos em tempos. Pode ser daqui dois, três, cinco, dez ou 20 anos e ocorrerá novamente. Sabemos disso, pois é histórico. Também sabemos que existem áreas propícias para alagamentos nas margens dos rios e córregos. Se conhecemos essa realidade, então podemos evitar ou minimizar tragédias. Zona propícia a alagamentos não é local seguro para morar e nem área para depósito de lixo. Obstruções, impermeabilizações, desvios nos cursos ou áreas de absorção de água são um convite à tragédia. É uma pena que o assunto só venha à tona com a cheia. E nada é acidental, pois na estiagem já visualizamos o previsível.
Trilha sonora
Toto Cutugno - Africa (L'ete Indien)