OPINIÃO

Teclando - 20/09/2023

Estacione para pensar, pense para estacionar

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Estacione para pensar, pense para estacionar

O estacionamento nas vias públicas centrais de Passo Fundo é uma dor de cabeça, quando não uma enxaqueca. Em rápida anamnese, entendemos que é um mal-estar crônico cujos primeiros sintomas surgiram lá pelos idos de 1980. Pouco depois, se não estou com amnésia, nos anos 1990 o sistema rotativo foi implementado atendendo especialmente ao apelo do comércio. A argumentação era de que entre raras vagas vagas e muitas vagas ocupadas, os consumidores vagavam queimando combustível.

Isso porque muitas pessoas, inclusive comerciantes e comerciários, deixavam seus veículos durante o expediente em locais privilegiados. Após muitas discussões, estudos e projetos o cordão das calçadas recebeu a pintura azul. O sistema sofreu alterações, vieram os totens e a área foi ampliada. Porém, ainda persiste a dificuldade em encontrar um buraquinho para colocar o carro. A melhor, mais segura e confortável opção é utilizar as poucas garagens existentes. Mas por que ainda faltam vagas? Torna-se imperativa a necessidade em constatar irregularidades. Aliás, abusos. Sim, há veículos que permanecem por três ou quatro horas na mesma vaga. Será que pagam estacionamento? Ora, e como fica a tal da rotatividade?

Certamente, são motoristas muito sortudos ou com veículos imperceptíveis. E, como nos anos 1980, os abusados são aqueles que adoram colocar o carro em frente aos locais de trabalho. Ah, é claro, temos motos (não pagam estacionamento!) fora das áreas delimitadas e carros em áreas de carga e descarga. Os mais ousados aproveitam o concreto das paradas de ônibus e até as faixas de segurança. E quando chove o banho é inevitável e até desconfio que a fiscalização evapora. Então, continuamos vagando em busca de uma vaguinha. Já para os aproveitadores faltou vagas na educação.

Na telona I

Dispensei o badalado Rolex e sequer procurei pelo Patek Philippe para não brigar com o tempo. Na sexta-feira, compareci ao Cinelaser do Passo Fundo Shopping e, finalmente, assisti A História de Nós Três e de Nós Quatro. O filme teve inspiração no livro de contos "1905" do psiquiatra Jorge Salton. A bem encaixada trilha sonora é assinada por Paulo Reichert, que divide a interpretação com a também médica Ciciliana Rech. A acadêmica Fernanda Wordell contracenou com o personagem principal, papel que estava reservado para José Tedesco. Porém, em homenagem ao amigo que se foi, o próprio Jorge Salton assumiu a interpretação.

Na telona II

A direção, dividida com Jaime Lerner, garantiu excelente fotografia ao filme que deixa o cenário em segundo plano. Nem parecia rodado em Passo Fundo, pois, de relance, apareceu ao fundo desfocada apenas uma Farmácia São João. O ritmo da trama é acompanhado e compensado pelas mudanças do preto e branco para o colorido. É claro que a proposta é nos conduzir às necessárias reflexões sobre a vida e a morte. Também permite múltiplas interpretações. Será que o torturador, tão propalado no enredo, seria fruto de algo engasgado no subconsciente? Sei lá. Cada personagem é uma caixinha recheada de incógnitas. E o objetivo de Salton é nos fazer pensar, pensar...

Ciência

Na quinta-feira, 21, Gilberto Cunha deixa de lado o pluviômetro (em alta nos últimos dias) da Estação Meteorológica da Embrapa e abre nova temporada de palestras. Será às 18h30 no Auditório da Academia Passo-fundense de Letras, com o tema “A Ciência e a Percepção Crítica Através da Leitura”. O acesso será gratuito e, ainda, os 40 primeiros da fila ganham como presente o livro “Ah! Essa estranha instituição chamada Ciência”, uma de suas obras. Se uma rápida troca de ideias com Cunha pelo telefone rende uma baita matéria, imaginem uma palestra...

Chuva

Vem mais chuva no bafo do El Niño. Como o solo já está muito encharcado, todo cuidado é pouco, especialmente em áreas propícias ao alagamento. Sábado, quando dia e noite terão a mesma duração, será o equinócio da primavera. Mas, mesmo na nova estação, prosseguem as chuvas.

Minhocas

Com a terra encharcada, sabiás e joões-de-barro fazem a festa com as minhocas que propiciam banquetes nutritivos. É a natureza com o azar de uns e a sorte dos outros.

Trilha sonora

Perry Como - And I Love You So


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