OPINIÃO

Delação premiada

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A investigação policial da República investiga a participação de responsáveis pelo desastroso atentado contra a democracia em 8 de janeiro deste ano. A trajetória golpista forjada em elementos indiciários, mobilizou a complexa estrutura acusatória ativando o Ministério Público Federal e o poder judiciário, especialmente o Supremo Tribunal Federal. O objetivo das investigações sobre a autoria intelectual da tentativa de golpe é coletar provas de ações do governo Bolsonaro na articulação de ruptura constitucional para manter o ex-presidente no poder, mesmo derrotado nas urnas. A delação premiada do coronel Mauro Cid, ajudante de ordem do ex-presidente aponta a existência de fatos da clandestinidade golpista. Após a prisão de Cid, envolvido em ações de fraude pela adulteração de documentos para atestar vacinação do presidente que fugia do país no estertor do mandato presidencial, mais a posse irregular e venda de joias pertencentes ao patrimônio nacional, puxaram fios do emaranhado tenebroso contra o pátrio princípio democrático. Ne esteira destes incidentes surgiram as provas do crime fragosamente materializado no sentido de tomar o poder a força, com a invasão de multidão mobilizada há vários dias concentrada em frente os quarteis. Cid, na mais recente versão de delação premiada, indigita reunião secreta envolvendo alguns membros da então cúpula militar, Marinha, Exército e Aeronáutica, para analisar possibilidade do golpe. A questão, agora é juntar os acontecimentos que abalaram princípios democráticos do país, sobejamente comprovados, seus autores individuais, atos coletivos das violências e seus mandantes. Lembrando que a deleção premiada, por si só, não é prova suficiente para condenação dos autores. Por isso prossegue a extensa investigação para a clara evidência dos elos entre agentes flagrados em ações criminosas e seus mandantes.

Ministro da Defesa

A investigação a cargo da Polícia Federal guarda as cautelas constitucionais do princípio do devido processo legal, contraditório, e amplo direito de defesa. A justiça Eleitoral mantém a decisão pela inelegibilidade de Bolsonaro, ao rejeitar recurso do ex-presidente contra a punição. Se, de um lado os processos de responsabilização do ex-presidente Bolsonaro, que usou indevidamente o poder presidencial para fins escusos contra a justiça eleitoral, parece lento, assim decorre pelo amplo direito de defesa. O paradoxo ao uso arbitrário reside exatamente neste aspecto. O processo judicial que confere os elos da trama fraudulenta, deve ser legítimo, democrático. O rito legal negado pelo autoritarismo dos filhos da ditadura agora serve à sua própria defesa. Quanto aos entendimentos sobre eventuais participações de militares contra a democracia, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tem sido diligente em separar o joio do trigo. Desde já pratica o discernimento entre fanáticos do arbítrio e a respeitada instituição do Exército Nacional. Esclarece que há consenso nas forças militares, cuja ampla maioria não aderiu à tentativa de golpe. Mas é a investigação rigorosa que vai identificar culpados, evitando a contaminação dos que não cederam ao golpismo. Informações ainda sigilosas indicam que não há perigo de generalização nas forças armadas, traída por fanáticos.

 

Compostura

A sensatez dos eminentes julgadores, autoridades policiais, Ministério Público deve manter todos atentos ao dever de imparcialidade. Vejam o estrago que fez o diletantismo e desequilíbrio ou exibicionismo de Sérgio Moro e seus seguidores ávidos de vantagens políticas no processo da Lava Jato. A compostura no exercício do poder é dever indeclinável. Vale também para outros ocupantes do poder, onde a mágoa ou inimizade partidária pode levar a exagero. O próprio presidente Lula, mesmo com suas razões no sofrimento pessoal da prisão, é aconselhado a ponderar expressões de revide perante escândalos revelados no âmbito de seus adversários fanáticos. No momento, a cisão remanescente do processo eleitoral é ferida ainda muito recente e pode dificultar a ideia de unificação nacional. 

São Miguel

A romaria de São Miguel em Passo Fundo foi, mais uma vez, emocionante na simplicidade religiosa e valores da uma comunidade centenária.

 

 

 

Gostou? Compartilhe