Em um mundo complexo, onde impera a anarquia e as autocracias declaram guerras absolutamente ilegais, é preciso estratégia e inteligência, somados a uma diplomacia capaz de lidar com as novas realidades. Todavia, a política externa do atual governo tem procurado outros caminhos e, sem clareza e propósito, vai repetindo o que já se conhecia, sem qualquer atualização. A promessa de “recolocar o Brasil na arena internacional”, vai se demonstrando, até o momento, apenas um acúmulo de viagens internacionais caríssimas, com a exótica participação da Primeira-dama, que tem embaralhado a cabeça dos líderes internacionais. No G20, o presidente brasileiro foi o único líder a entrar com a sua companheira. Assim, é necessário fazer um balanço dos resultados (ou a falta de) da política externa, até aqui.
América Latina e Central
No contexto latino-americano a política externa se demonstrou o mais do mesmo: o companheirismo com as ditaduras e amigos do Foro de São Paulo. Com o presidente argentino, tentou dar um “jeitinho” para que o Banco do BRICS pudesse dar sobrevida ao fracasso do peronismo. Da reunião que organizou em Brasília com os seus colegas sul-americanos, Lula foi duramente criticado, inclusive por líderes da esquerda, por considerar a Venezuela uma democracia. Antes de ir à última Assembleia da ONU, Lula resolveu pousar em Cuba, onde ouviu o que era sabido, que a ilha não terá condições pagar a sua dívida com o Brasil.
EUA
Da visita que fez, Lula voltou dos EUA sem qualquer ganho efetivo. Em grande medida, dos eventos em que participou, resolveu criticar o sistema financeiro baseado no dólar, propondo novos arranjos com os países do BRICS. Em Cuba, criticou o embargo americano à ilha. Na mais recente reunião com Biden, surgiu um programa para defender os sindicatos, uma vez que na relação não possa surgir algo mais estratégico. No mais, ainda impera o mesmo antiamericanismo de outrora.
Europa
Com a União Europeia tenta-se fazer andar o Acordo do Mercosul, mas sem uma diplomacia inteligente, que ao invés de negociar em termos pragmáticos, busca emitir críticas às potências europeias (que seriam dominadoras, na visão do “Sul Global”). Sobre a Ucrânia, Lula ficou absolutamente descreditado. Os líderes europeus não possuem mais interesse nos discursos obtusos de Lula.
Rússia
O posicionamento da política externa foi muito claro, o de optar, entre um país agressor (Rússia) e uma Nação agredida (Ucrânia), justamente pelo primeiro, que atropelou o direito internacional, a moral e a soberania de um país. Não bastasse isso, o governo recepcionou o chanceler russo Lavrov, que inclusive foi aplaudido pelas turmas de futuros diplomatas, como se tudo estivesse normal. A tentativa de Lula em ser o mediador da paz entre Moscou e Kiev, como efeito, foi descreditada pelas potências ocidentais.
China
Na visita que fez à China, foram anunciados inúmeros acordos, que não se sabe até hoje o verdadeiro resultado deles. Ao invés de levar uma delegação aos moldes usuais, o número excessivo parecia mais uma excursão. No âmbito do BRICS, Lula passou a ser apenas um peão neste tabuleiro geopolítico, servindo aos interesses chineses e às manipulações russas.