Uma das questões mais prementes para a geopolítica, neste momento, é justamente a de esboçar os possíveis cenários do conflito provocado pelos terroristas do Hamas contra Israel. Para isso, é necessário começarmos pelo contexto focal, seguido pelos contextos regional e mundial, analisando os possíveis desdobramentos e o entrelaçar de interesses difusos, ainda não declarados no tabuleiro da contenda. Assim, a coluna vai trazer, nas próximas semanas, cenários no contexto da guerra, exclusivo aos assinantes.
Contexto focal
No contexto do foco atual do conflito, ou seja, das ações tomadas por Israel em sua defesa, a grande questão está relacionada ao avanço da incursão terrestre para debilitar o Hamas. Enquanto isso, várias cidades israelenses continuam a ser bombardeadas diariamente. Por parte do Hamas, ainda há uma guerra deliberada de desinformação, como podemos ver nestes últimos dias, com parte da grande mídia internacional comprando as narrativas do Hamas, antes mesmo de qualquer verificação, como o caso do hospital em Gaza, atingido pela imperícia dos terroristas. No foco atual, três questões se sobressaem: 1) a eventual negociação pelos reféns israelenses e a efetividade de corredores humanitários e, como decorrência, uma crise migratória. Outra questão que poderá surgir são os acirramentos sociais na Cisjordânia; 2) a incursão terrestre de Israel em Gaza, a sua forma de condução, os seus objetivos e, principalmente, o tempo que vai durar e os resultados que vai gerar; e 3) o surgimento de outras frentes no conflito, como no Norte de Israel, pela ação dos terroristas do Hezbollah, mais bem equipados que o Hamas.
Contexto regional
No aspecto da região, mais detidamente no Oriente Médio, o comportamento dos países vizinhos tomará cada vez mais relevância, sendo o mais importante o do Irã, que aguarda o desdobramento da incursão terrestre como a “linha vermelha” para entrar de fato no conflito, o que seria um desastre. O problema é que os países árabes não querem dar passagem aos civis palestinos de Gaza, que começarão a se deslocar em massa. O Egito ainda reluta em dar passagem aos palestinos, que migrariam em números altíssimos. Isso ainda depende da incursão terrestre de Israel.
Contexto mundial
Atentados terroristas, revoltas sociais e protestos dirigidos – já estamos observando isso em todos os cantos do planeta. Atentado terrorista na França e na Bélgica. Revoltas em vários países, principalmente de fanáticos defensores do Hamas, que querem a destruição de Israel. Embaixadas americanas e israelenses são alvos de violência dirigida, e ela vai aumentar. Protestos contra Israel eclodem em diversos lugares. A segurança internacional e a doméstica deverão ser reforçadas. O Irã, juntamente com China e Rússia começam a formar um eixo de contestação da ordem vigente, onde o objetivo é desestabilizar o Ocidente (ideias e valores representados por Israel), para impor uma ordem baseada nas autocracias. Outra questão é se as embarcações militares americanas no Mediterrâneo irão dissuadir a entrada de outros países no conflito ou irão acirrar o mesmo. Já há ameaças de Putin em relação aos mísseis hipersônicos americanos. A situação vai provocar um aprofundamento na corrida armamentista. Em termos econômicos, há preocupação imediata com os preços do petróleo.