OPINIÃO

Joana Picareta Fluminense

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Já se passaram setenta anos e me lembro como se fosse hoje a fixação do real fantasioso. A figura da negra Joana Picareta, notável moradora solitária de Santa Cecília, hoje Santa Cecília do Sul do Sul. Saia de sua moradia de chão batido onde crepitava permanentemente um tição aceso no rude fogão de barro, e no centro do casebre uma trempe. Os cães companheiros dormiam por ali. Dizia-se que era filha de escravos libertos, vindos do Congo. Caminhava altiva pelo vilarejo, de vestido longo e lenço colorido na cabeça, de onde sobravam duas pontas dos cabelos em trança. Das canelas longas pendiam argolas coloridas, uma espécie de chocalho. Em outras ocasiões usava meias em multicores que ela mesma tricotava. Os tons marcantes e mais frequentes eram, verde, vermelho e branco. Eu a via diariamente em minha casa conversando com minha mãe. Entregava ervas colhidas no mato. Ministrava um ritual de proteção na casa. Invocava bênçãos para todos e cantava: “Congo, rocongo, São Miguel Arcanjo” e em outras expressões de sua tradição. Todos admiravam Joana. Para mim, um símbolo de docilidade e sabedoria.

Tricolor

As cores em verde, branco e vermelho ficaram gravadas na minha memória. Viemos morar em Passo Fundo em um dia convenci minha mãe a comprar um par de meias que vi numa loja. Insisti tanto que consegui, com as cores do Fluminense, time carioca que nem sabia existir. Fiquei anos com as tais meias, até saber que eram do Fluminense. Então, sou tricolor e sempre torcendo pelo Flu, salvo em confronto com o Grêmio. Por isso que vibrei muito na conquista do troféu campeão da América. O veterano Marcelo e outros trouxeram a lembrança da inesquecível Joana Picareta, a primeira amiga de minha infância. Foi ela quem curou meu cachorro, vítima de uma crueldade. Nem ela ouviu falar do Fluminense em sua vida, mas foi de suas cores que ainda me lembro com saudade. 

 

As guerras

O fomento do rancor acirra confrontos, mais ainda quando teleguiados por versões toldadas pelo mesmo viés fundamentalista. Conseguiram impregnar nas lideranças a obrigação de acreditar em razões, em grau tão superlativo, que faz sucumbir o supremo direito de viver, também aos que não pertencem ao ódio insano. O Brasil que se orienta na busca de espaços de vida livre, já é visto como atrapalho. A democracia do Estados Unidos fala menos em cessar fogo e age mais em reforçar frotas dos oceanos, enviando porta-aviões com escolta de cruzadores para as zonas de conflito. No momento, a influência dos USA funciona mais como puxão de orelhas no retardo dos brasileiros, a serem resgatados. Biden exibe poder de guerra.

Desespero

O evangelho, diante da face injusta das opressões, mostra como é duro ao ser humano sofrer a própria maldade. Como sentir a crueldade de uma guerra! Torturado e morto, vendo-se vítima da injustiça e impiedade dos seres humanos, exclamou na sua célebre epizeuxe: “Eli, Eli, lamma sabachtani”, meu Deus, por que me abandonaste?!!! A mente humana sofre o pior abalo com o cenário de crueldade no Oriente Médio.

 

Venezuela

O império americano quer assegurar reservas de petróleo disponível. Agora, como num gesto de paz, desata bloqueios à Venezuela, de olho no petróleo venezuelano. Maduro já é Madurinho.

Lixo

Poucos avanços comportamentais da população, desde que foi instalado o sistema de recolhimento do lixo em contêiners. É preciso adequar o descarte das sacolas, condicionando de modo a evitar rupturas nas embalagens, antes do recolhimento. Além disso a destinação em separação prévia do lixo orgânico e o seco. Por isso são dois compartimentos de coleta, em cores diferentes. Temos visto cenas deploráveis ao redor dos contêiners, falta de cuidados e fiscalização. O poder público pode e deve atuar no aprimoramento. É uma questão cultural de hábito. Campanha efetiva da prefeitura e comunidade deverá ajudar a melhorar o meio ambiente de nossa cidade.

 

 

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