Divagação com sinaleira aberta
Quando o tema é o trânsito de Passo Fundo muitos correm perigosamente, alguns param em locais proibidos, poucos passam devagar e outros divagam. Nesse caso estou apenas divagando pelas calçadas, onde sentimos o deslocamento de ar e o ronco dos veículos que passam. Meu devaneio tem passado, presente e futuro. No pretérito havia menos pessoas, mas já existiam algumas rusgas entre aqueles que estavam a pé e os que andavam a cavalo. Vieram as carroças, precursoras do barulho no trânsito, as ruas ganharam calçamento e lajotas cobriram as calçadas. Quando algum piá assumia as rédeas de carroças ou charretes era sinal de perigo. Os automóveis foram chegando, trouxeram conforto e poluição. Os cavalos ficaram no pasto e foram substituídos por ruidosas motocicletas.
O asfalto pintou as ruas de modernidade e iniciou a sina das sinaleiras com as suas lâmpadas coloridas. Veículos com motores potentes em mãos despreparadas mancharam tragicamente o asfalto. Hoje, a tecnologia embarcada produz carros mais seguros, há radares e outros equipamentos para coibir a velocidade excessiva. Isso não significa o fim da rixa entre pedestres e motoristas. Já contamos com faixas de segurança, veículos elétricos e navegação por satélite. Enquanto a tecnologia diminuiu a poluição atmosférica, muitos motoristas fazem questão de transformar o escapamento dos veículos em eficientes poluidores sonoros. Outros não respeitam áreas de carga e descarga, paradas de ônibus e nem mesmo as faixas de segurança. Enquanto isso a imaturidade pisa fundo. Eis o presente!
Então, meu devaneio chega ao futuro. Não podemos antever o amanhã, mas o conhecimento pregresso permite traçar uma linha. Não quero ser alarmista, mas a projeção não é das melhores. E a causa é muito simples: tecnologia não combina com falta de educação. Então, viajando no tempo, sinto a necessidade de multiplicar o freio da punição e turbinar o motor do ensino. Caso contrário, seremos atropelados no futuro em consequência da falta de vergonha na cara no passado e pela inoperância no presente.
Chaminé da Brahma
As cidades têm relações próprias que caracterizam suas paisagens e contam suas histórias. Podem ser pessoas, obras que brotaram da natureza ou foram erguidas pelos braços humanos. Lá pelos anos 1960, o ônibus que vinha de Erechim entrava pela Vera Cruz. Mesmo antes de cruzar a Avenida Brasil já vislumbrávamos a imponente chaminé da Brahma. Depois, nos anos 1970, a entrada era pela Petrópolis e enxergávamos a fumaça da Cervejaria Brahma. Brahma? Era a senha para uma escala técnica no Gageiro e se refrescar com um cremoso chope da Brahma. Motivos para isso não faltavam: sede, poeira (mesmo depois do asfalto), cansaço, boca seca ou o irresistível bolinho de bacalhau. Nas idas a Porto Alegre o expediente era rápido, pois havia muito chão pela frente. Já na volta as bolachinhas tomavam fermento.
Não era necessário GPS, tínhamos certeza de que estávamos em Passo Fundo. A chaminé carimbava o nome Passo Fundo na paisagem. Chaminé, indústria e progresso. Era um outdoor que mostrava a magnitude da maior cidade da região. A Brahma se foi, ficou a chaminé. O símbolo e a história permanecem. Agora, depois de tanta chuva, noto que a parte superior da chaminé de tijolos está esbranquiçada. Será que necessita de uma atenção especial? Ou é apenas uma nova senha para lembrar que o chope deve ter um generoso colarinho branco?
AAGV
Voar é para quem tem asas naturais ou bem construídas. E os alados reúnem-se nas coxilhas e nos hangares. É o caso do pessoal da AAGV – Associação Aerodesportiva Getúlio Vargas, que realiza o Acampamento de Voo à Vela. Será no final de semana, de sexta a domingo, junto ao aeródromo da entidade, com acesso pelo segundo trevo de Getúlio, à direita, quem vai para Áurea. Recebi honroso convite do presidente da AAGV, Comandante Carlos Freitas Júnior, para um duplo de planador. Uau! O planador representa a finesse do voo e é um fertilizante da imaginação. Quem sabe se não dou sorte e encontro por lá os comandantes Piazza, Freitas e Rampi? A turma é de peso e boa de pé e mão.
Se colar, colou
Ganhar e perder. O mercado é assim mesmo. Bolsa de valores, bem como nos investimentos de alto risco, você pode ganhar uma fortuna ou numa tentativa perder tudo. Vale, inclusive, para os cambalachos. É a lei do mercado.
Trilha sonora
John Paul Young - Love Is In The Air