OPINIÃO

Conjuntura Internacional  

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Cezar Roedel

Consultor de Relações Internacionais

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Enquanto esta coluna é elaborada, transcorre um encontro com importantes contornos à geopolítica, entre Joe Biden e Xi Jinping, na ocasião da cúpula da Cooperação Ásia-Pacífico, nos EUA. A conversa é uma tentativa pragmática para o endereçamento de algumas questões, antes mesmo do cessar de tensões acumuladas entre Washington e Pequim, nesta última década.

 

EUA 

Do lado de Biden, muito certamente a questão principal será a incógnita de Taiwan e a tentativa de se estabelecer, dentro do possível, algum tipo de diálogo militar. O presidente americano não quer mais uma guerra no seu colo. Ocorre que até o fechamento da coluna, os EUA ainda estão por aprovar o seu orçamento. Há uma forte discussão no âmbito legislativo americano em reduzir os gastos com a guerra na Ucrânia, um confronto de atrito, sem dia para acabar, e que demanda altos gastos dos aliados de Zelensky. Agora, soma-se a guerra no Oriente Médio, com potencial de escalada e que, certamente, demandará investimentos por parte do maior aliado de Israel. Grandes porta-aviões e embarcações militares já se deslocaram para o mediterrâneo. Uma possível anexação de Taiwan, por parte da China, certamente acionaria o botão para mais gastos, uma vez que os EUA é o país de maior potência aliada da ilha. Tudo isso em um momento em que se avizinha um pleito eleitoral e Biden tenta agradar o público americano, que denota preocupação com os gastos militares excessivos.

 

China 

Do lado de Xi Jinping, o encontro com Biden é uma oportunidade para reduzir a frágil conjuntura chinesa. Com reduções importantes na projeção de crescimento de Pequim, há um grande pessimismo em relação à economia. O governo chinês esperava que o período da recuperação pandêmica iria restabelecer o padrão de consumo, o que não ocorreu. Isso gerou uma crise imobiliária sem precedentes na China, com a consequente fuga de investimentos e aumento dos riscos vinculados à economia. Também é de se notar, que nos últimos meses, houve uma grande debandada de empresas americanas, fragilizando ainda mais a economia chinesa. Assim, o interesse de Xi Jinping na conversa com Biden é pragmático, manter um nível quase satisfatório de diálogo, a fim de evitar ainda mais uma derrocada. Os EUA têm adotado uma estratégia gradual de descolamento das cadeias produtivas das autocracias. Buscam impulsionar os negócios com a indústria nacional e players democráticos, quebrando uma métrica importante. Hoje, não é mais o principal parceiro comercial da China, estando na terceira colocação. Outro fato que pesa aos chineses é que chegou a hora de receberem os altos empréstimos que concederam aos países do terceiro mundo, na rubrica do programa Belt and Road Initiative. Ocorre que esses países, muito provavelmente, não terão capacidade de honrar os pagamentos.

 

Israel 

Na semana que passou, as forças de defesa do país conseguiram um importante avanço na sua incursão terrestre, com o cerco ao hospital Al-Shifa, um dos maiores de Gaza. Uma espécie de QG para o Hamas. As forças israelenses inclusive alcançaram ajuda humanitária e de suprimentos para que não houvesse prejuízo aos civis que lá estão. Uma importante estrutura dos terroristas será debilitada. Muitas armas e equipamentos foram achados nas dependências do hospital. O Hamas tem como objetivo tirar Israel do mapa, mas começou por exterminar a própria população de Gaza.

 

 

 

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