OPINIÃO

Veio o sol da liberdade

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Grande parte da mídia brasileira tem mostrado com desembaraço, a força, vitalidade, alegria e arte, da cultura negra. É como o despertar de nova aurora, onde o brilho do sol de uma liberdade de manifestação artística, especialmente musical, faz cintilar encantos da natureza racial, até bem pouco despercebida. O próprio samba, que remete ao som dos tambores em troncos, dos ritmos ancestrais da selva e das savanas africanas, estabeleceu-se como a mais rica harmonia. A percussão que brota e se transforma entre rituais de religiões afro e se estende às rodas de samba configuram melodias de um Brasil de vida peculiar. A música brasileira é única- que o programa de TV denominou Música preta. E quantas revelações brotam nos meios artísticos, em vozes negras, magníficas. Elza Soares falou sobre isso em suas canções. Hoje o Brasil canta as angústias e glórias de sua história, de um povo que sofreu e muito sofre, mas canta. Neste movimento nascido nas senzalas, o momento triste da chibata e o tronco do castigo injusto, mas também a esperança em dias melhores. Assim, o encontro da Música Preta, que encanta a todos indistintamente, é o renascimento da esperança, de uma rebeldia sagrada, curando toda gente do terrível mal da discriminação. Sim, há muito a ser tocado na consciência de brancos e pretos, mas a constelação de artistas, cientistas, mestres e escritores já alçou voo que não vão parar, pois convence as pessoas pela via da paz: que somos todos iguais.

 

Está mudando

O lamento triste na voz do trabalhador tem sido a prece de angústia que fez unir a multidão sofredora. A plataforma encravada na civilização que subordinou escravos negros e índios, com extrema crueldade, foi aplicada a todas as gerações de desfavorecidos. Os brancos perceberam que também são vítimas da exclusão social, quando a exploração do ser humano robustece a multidão exploradora. O poeta e cantor Chico Buarque enfrentou a censura com sua canção denunciante “... morreu na contramão atrapalhando o tráfego...”. Hoje vemos vozes de cantores negros, no proscênio artístico emitindo mensagem que transfiguram o lamento, em esperança. É indisfarçável a alegria que embala o ânimo artístico brasileiro, mirando igualdade e valor humano. Vivemos promissora fase de transfiguração e cooperação afetiva para vencer amarguras.

 

Mandela

A humanidade está contaminada pela guerra insana de ódios superlativos. As lideranças que garantiram a luta pela igualdade negada por uma elite econômica apodrecida, mesmo com o caminho cruento de muitas dores, sempre zelaram pela paz. Os ícones sociais que propagam direitos humanos de igualdade, carregam numa das mãos a bandeira da pacificação. São muitos, em nossos influenciadores de uma nova cultura no Brasil, que seguem a luta das conquistas humanitárias contra a eiva racista, como foi Mandela, o líder mundial da paz.

 

Cotas raciais

A deliberação no Congresso Nacional, confirmando a validade necessidade harmonização social das cotas raciais, estendida a outros segmentos, é um sinal do saber pacificador na missão pública.

Consciência negra

“Eu só quero ser feliz, na favela onde eu nasci”. Eis uma entre tantas expressões que ganham visibilidade na arte nacional, para entendermos muito da luta que se opera no convencimento, através da canção. Aqui no pampa, é só ouvir a beleza nas canções como “O Negro da Gaita” ou “Romance na Tafona”, para sentir.

 

Muitos valores

Além de tantos heróis libertários na luta, como Rebouças, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Castro Alves, ou os mártires dos quilombos, temos afirmações solenes nas fileiras cotidianas. Ídolos do esporte, como Vini Júnior, embrenhados persistentes na luta contra o racismo. O ministro Joaquim Barbosa, afirmação da mais alta competência na ciência jurídica, presidiu com assinalada inteligência e coragem cívica o Supremo Tribunal Federal. O sociólogo Milton Santos, revelação reconhecida no mundo todo pelo talento. Salve o dia da Consciência Negra. Um grande sonho está se realizando.   

  

 

 

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